segunda-feira, 9 de maio de 2011

Alfa Romeu 164, o sonho de consumo pode virar um pesadelo



Este mito desenhado no genial estúdio Pininfarina chegou ao Brasil no inicio dos anos 90, fase mágica da abertura para importações oficiais e independentes, antes a importação só era permitida para consulados, que revendiam para clientes VIP’s. O modelo divisor de águas da Alfa Romeu foi lançado em 1988 e estabeleceu um novo padrão de qualidade para a marca, que teve nele o último projeto como montadora independente.


Os mais puristas torceram o nariz para a nova tração dianteira, apesar de o veículo possuir estrutura desenvolvida com rigidez suficiente para suportar tração integral, pois dividia plataforma com o Saab 9000 e outros, chegando até a ter uma versão chamada Quadrifoglio 4, com tração nas quatro rodas em 1993. 


Por aqui tivemos basicamente duas versões, ambas V6 de 3.0l, uma com 12v, as primeiras de 1990 a 1992 com 192cv e depois com 183cv, que passou a ter câmbio automático somente em 95, quando chegou também o ‘Anjo Mal’, a versão Super 24v, com 215cv, o modelo chagava a 240 km/h e acelerava de 0 a 100 km/h em 8s.

A oficina especializada em Fiat e Alfa Romeu Alfamar, localizada no Jabaquara em São Paulo tem grande experiência no assunto, e informou que o Alfa 164 dificilmente apresenta problemas, apenas os causados por falta de manutenção, ai sim a conta fica cara, em diversos casos o orçamento pode ultrapassar o valor de comercialização do carro, que gira em torno de R$15 mil.

A unidade avaliada na oficina era uma V6 3.0l 12v ano 1995 com câmbio mecânico que estava passando por reparos internos no motor por problemas de queima de óleo, mas segundo o proprietário da Alfamar Anderson Loula, não é comum ser necessário a desmontagem deste motor, a não ser em casos de calço hidráulico devido a capitação de ar localizado em uma posição baixa. “Se dependesse de fazer esses motores a oficina já tinha fechado há muito tempo”, comenta Anderson. “Em quinze anos aqui na Alfamar, se fiz quatro motores de 164 foi muito”, completa Adriano Domingues, reparador especializado na marca.

Para corrigir o problema não seria necessária a desmontagem completa do motor, porém ao retirar os mancais do virabrequim, foi constatado que as bronzinas já estavam com desgaste acima do normal mostrando que havia uma falha de lubrificação, então foi necessário remover o motor para uma retifica do virabrequim que ainda era standard e agora deve ir para medida 0,10mm.
Para solucionar o problema da queima de óleo será feita a substituição dos anéis do pistão e brunimento das camisas, que podem ser retiradas do bloco para facilitar o serviço, algumas podem sair com a mão, caso contrario existe uma ferramenta especial para remove-las.

O brunimento é feito na própria oficina com uma ferramenta desenvolvida na Alfamar, que consiste de um motor elétrico de baixíssima rotação, pois segundo ?  a furadeira tem rotação muito alta e fica difícil obter os ângulos de 45° desejados, correndo risco de até mesmo riscar as camisas. O serviço é feito em movimentos lentos e suaves com uma lixa de granulação nº 60 fixada a ferramenta, mantendo sempre úmida com gasolina. Os pistões estavam em bom estado e serão mantidos, assim os anéis também continuam standard.

No orçamento também estão incluídos a bomba de óleo, correia dentada, tensionadores, jogo de juntas completo, bronzinas de biela e retentores de válvulas, que também são substituídos na oficina utilizando ferramenta especial. Na montagem do motor não há segredos, desde que feita com atenção e seguindo as recomendações de torque de aperto. Fechando o orçamento vem o óleo lubrificante Selenia 15w40. O serviço costuma sair em média R$12 mil.

A remoção e instalação do motor é feita descendo o quadro completa da suspensão e depois removendo o motor do quadro, que torna razoavelmente simples o serviço. Com o quadro desmontado foi possível observar diversos vazamentos de óleo do sistema de direção hidráulica ou transmissão, então o ideal é aproveitar para fazer uma limpeza geral para poder identificar a origem dos vazamentos.

As coifas da caixa de direção e dos pivôs também estavam rasgadas, permitindo entrada de sujeira que danificou os componentes. Na suspensão traseira tudo em ordem, exceto o fato de o pneu de maior diâmetro estar pegando na tubulação de abastecimento do tanque de combustível. O escapamento havia sido substituído por um modelo paralelo que não possui catalisador, que deverá ser providenciado para conseguir uma aprovação na inspeção veicular.

Os coxins do motor também estavam danificados, principalmente o superior do motor que praticamente já não existia, “problema critico neste modelo”, informa Domingues. Outro ponto fraco do Alfa 164 é o Carter de alumínio, que devido a falta de um protetor, a baixa altura e a longa frente do carro se danifica com facilidade e dependendo do tamanho do estrago não é possível realizar soldas.
As pequenas mangueiras dos coletores de admissão costumam ressecar e apresentar entradas de ar, precisando ser substituídas, segundo Loula, estão cada vez mais difíceis de encontrar e costumam custar cerca de R$50 cada. Sempre que desmontados, os coletores passam por um banho químico para retirar a carbonização formada no interior aproveitando também para fazer uma limpeza de bicos que podem não estar equalizados.

O Alfa 164 foi e ainda é desejado por muitos, mas assim como no passado, ainda é para quem realmente não tem problemas em desembolsar uma boa quantia para possuir este clássico dos anos 90, pois o preço baixo da aquisição é apenas uma ilusão, que após a compra rapidamente se desfaz, a não ser que, como dito acima, o proprietário esteja disposto a por a mão no bolso para pagar o que pode ser chamado de justo, para uma máquina deste porte.

**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br

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