quarta-feira, 4 de maio de 2011

Toyota Corolla também tem seus pontos fracos


Arthur Gomes Rossetti


Um ponto duramente criticado pelos reparadores é a falta de informação técnica no mercado por parte da Toyota, ‘que não libera nada’ e dificulta os procedimentos corretivos nos carros mais antigos que raramente voltarão a um concessionário autorizado. Por outro lado a farta disponibilidade de peças de reposição originais foi elogiada. “Mesmo que a concessionária não a tenha para pronta entrega, de um a três dias úteis ela está na mão”, comenta o engenheiro mecânico e conselheiro editorial Julio Cesar Souza, proprietário da Souza Car oficina localizada na zona leste de São Paulo.
Confira agora os principais detalhes sob a ótica do reparador, que deixou evidente a necessidade da manutenção preventiva neste valente modelo.

Histórico
O proprietário do veículo é cliente do Auto Elétrico Torigoe, pertencente ao integrante do Conselho Editorial Sérgio Seihiti Torigoe. As visitas a oficina contemplaram além da intervenção preventiva em alguns componentes mecânicos, a instalação de acessórios como kit xenon nos faróis baixos e de milha.

O Corolla foi lançado no Japão em 1966 e passou a ser importado oficialmente pela Toyota do Brasil desde 1993. Produzido em nossas terras a partir de 1998, a versão avaliada teve vida entre meados de maio de 2002 a abril de 2008. O motor 1.6 16v VVTi (3ZZ-FE ) esteve presente também na versão de entrada denominada XLi, de construção mecânica semelhante ao irmão maior 1.8.

Motor
O projeto da família atual de motores 1ZZ-FE deriva do 7A-FE da geração anterior, porém com um extenso pacote de melhorias. Pode-se dizer que do antigo ficou mesmo só a cor do bloco. O sincronismo, por exemplo, migrou da correia dentada para a corrente de comando, com sistema hidráulico de variação através da ECU na admissão (VVTi), que privilegia o torque em baixas rotações e a potência nas altas. O sistema de ignição evoluiu para as bobinas individuais, de maior precisão e menor perda de trabalho perante o antigo sistema a cabo.
O reparador Danilo Tinelli da Auto Mecânica Danilo comenta que uma das maiores dificuldades solicitadas pelo manual do fabricante do veículo neste motor é a regulagem das válvulas. A cada 40 mil quilômetros a folga deverá ser preventivamente verificada, e quando necessário a correção. Toda a parte dianteira do motor deve ser desmontada para remoção dos comandos de válvulas e o reparador deverá identificar as medidas necessárias dos tuchos e solicitá-los em concessionária Toyota.
Quanto ao óleo lubrificante, o Conselho Editorial recomenda que seja aplicado o original Toyota de viscosidade 10W30 mineral num total de 3,7 litros incluindo a troca do filtro blindado. E falando em óleo de motor, a oficina Design pertencente aos irmãos André Luis Bernardo e Carlos Bernardo, certa vez recebeu um Corolla idêntico ao avaliado com o motor rajando com pouco mais de 60 mil quilômetros rodados. Ao remover a tampa de abastecimento de óleo foi comprovada a presença de borra devido à utilização prolongada sem a troca. O motor teve que ser aberto e completamente retificado. Isto prova que nem mesmo o mais moderno e resistente motor consegue sobreviver por muito tempo quando exposto a lubrificantes vencidos. “E quando for remover o cabeçote por algum motivo, dê preferência à junta original do tipo laminada, pois as de má qualidade podem gerar avarias”, alerta Tinelli. Ainda se tratando do cabeçote, o reparador afirma que o material reage facilmente com os aditivos paralelos, chegando ao ponto de criar ferrugem e corrosão pouco tempo após a aplicação. “Para este veículo recomendo apenas o aditivo comercializado nas concessionárias Toyota, pois prefiro não arriscar”.
O reparador Julio, da Souza Car certa vez recebeu um cliente que se queixava de baixo rendimento. Após os testes foi verificada baixa compressão nos cilindros. Com o motor aberto foi constatado que os anéis de segmento estavam colados no pistão, provavelmente resultante da utilização de combustível adulterado.

Um item que faz o reparador perder a paciência e muitas vezes o acaba quebrando quando removido é o plug da mangueira alimentadora de combustível, bem na união com a flauta. Para a tarefa é necessário possuir um alicate especial, item que nem todas as oficinas possuem. A dica é remover a flauta por completo, sem desconectar a mangueira.
O veículo avaliado utiliza módulo externo para rodar no álcool, mais conhecida no mercado como ‘caixinha flex’ e nenhuma anormalidade de funcionamento foi detectada.

O filtro de combustível dos Corollas produzidos após maio de 2002, pertencentes à mesma geração da versão avaliada está localizado dentro do tanque de combustível, junto ao corpo da bomba elétrica. O Conselho Editorial recomenda a verificação ou até mesmo a troca a cada 30 mil quilômetros rodados, com o objetivo de proteger e garantir vida útil longa a todo o sistema de alimentação. Devido à localização do filtro, instalar o manômetro para a realização de testes passa a ser uma tarefa que exige criatividade e adaptação por parte do reparador. Fique atento ao momento de fechar o orçamento e lembre-se de contemplar este trabalho extra.

A bomba opera a uma pressão de quatro bar, sendo que a Ingelauto Serviços Automotivos, oficina pertencente a Eduardo Topedo certa vez atendeu um Corolla que apresentava baixo rendimento e alto consumo. Após diversos testes que quase fizeram Topedo ficar ‘maluco’, foi constatado que a bomba elétrica de combustível havia sido trocada por uma de marca paralela, de pressão idêntica a original (quatro bar), mas de vazão inferior. Após a instalação de uma bomba genuína Toyota, o veículo voltou a acelerar forte e ficar mais econômico. A explicação para o alto consumo com a bomba paralela é que a ECU identificava a falta de combustível e aumentava o tempo de injeção, o que não significava aumento de rendimento devido o menor volume injetado. Desta maneira o funcionamento ficava comprometido.

O reparador Francisco Carlos de Oliveira, da Stilo Motores, certa vez atendeu um Corolla com o motor falhando em todos os regimes. Após o diagnóstico, foi comprovado que um dos quatro bicos injetores estava ‘travado’. Após a limpeza com ultrasom em máquina apropriada, o bico ‘descolou’ e voltou a funcionar perfeitamente.

As velas também devem receber especial atenção, pois influenciam diretamente na temperatura de trabalho da câmara de combustão, que poderá chegar ao ponto de alterar o funcionamento do sistema VVTi, deixando o rendimento aquém do esperado. O jogo Bosch é comercializado através do código FR 7 KCX+ e a NGK através do código BKR5EYA-11, com 1,1 mm de abertura entre o eletrodo central e massa.

Segundo a percepção e experiência de Paulo Aguiar da Engin Engenharia Automotiva e Amauri Gimenes da Vicam Centro Técnico Automotivo, a sonda lambda da primeira bancada costuma apresentar baixa vida útil. Houve muitas trocas em veículos de clientes que haviam rodado pouco mais de 60 mil quilômetros. Ela começa apresentar baixa velocidade de resposta, até chegar ao ponto de a ECU ignorar os parâmetros gerados pela peça. Mesmo assim, ambos recomendam a original Toyota.

O reparador Torigoe afirma também que ultimamente tem atendido muitos Corollas com problemas no regulador de voltagem do alternador, e a peça é encontrada para compra separadamente sem maiores dificuldades.

Transmissão
Quando equipado com a caixa de marchas manual de cinco velocidades à frente mais a marcha à ré, as reclamações mais frequentes se referem à trepidação ao sair em 1ª marcha, que pode ser eliminada através da troca do fluído hidráulico do sistema de acionamento, troca do kit de embreagem (platô e disco) e retífica do volante do motor em pedra apropriada.
Saiba também que os parafusos de fixação do coxim inferior possuem difícil acesso no momento da troca. Tenha atenção no ato de definir valores de mão de obra para este componente.

Segundo Carlos Napoletano Neto, diretor técnico da Brasil Automático cursos e treinamentos, quando equipado com caixa automática o Corolla utiliza o modelo A245-E com controle eletrônico, desenvolvida pela própria Toyota em parceria com a AISIN-WARNER do Japão. Ela possui quatro velocidades à frente mais a marcha à ré, com a embreagem do conversor de torque incorporada, o que diminui o consumo de combustível, aumenta a eficiência em uso rodoviário e diminui o índice de poluentes pelo fato de o motor trabalhar em regimes de rotação mais baixos. Recomenda-se a utilização do fluído original Toyota ATF TYPE T-IV num total de 7,8 litros incluindo o conversor. O fluído é facilmente encontrado nos concessionários da marca e o período recomendado para a troca é de 40 mil quilômetros. Faça também a troca do filtro, que possui cárter de acesso, e a limpeza dos ímãs internos de proteção.

Esta transmissão possui ao lado da alavanca seletora a tecla ‘OD/OFF’ que elimina a quarta marcha (overdrive) apenas ao toque de um botão, não sendo necessário a movimentação da alavanca para uma posição diferente do ‘D’, facilitando as reduções para 3ª marcha em ultrapassagens. Pressionando novamente a tecla ‘OD/OFF’, a transmissão libera novamente o engate da 4ª marcha.*

O conselheiro Danilo Tinelli consertou por cerca de quatro vezes a caixa satélite quando equipado com a caixa automática. “O conjunto simplesmente quebra”, comenta o reparador. Ele também cita que no caso de precisar guinchá-lo quando a bateria acaba, é possível deslocar a alavanca seletora do ‘P’ (parking / estacionamento) para ‘N’ (neutro) através de uma portinhola plástica localizada no console ao lado da própria alavanca. Basta abri-la e com uma pequena chave de fenda destravar o pino de segurança manualmente.

Suspensão e direção
A dianteira do tipo McPherson com o passar do tempo apresenta folgas excessivas nos pivôs e o rompimento das buchas de bandeja. É possível substituir estes componentes sem a necessidade de troca da bandeja.
O sistema semi-independente na traseira por sua vez é mais resistente e o que costuma estragar primeiro é os amortecedores.

Semelhante aos problemas encontrados no Honda Civic, a caixa de direção hidráulica da família Corolla também costuma apresentar folgas excessivas entre pinhão e cremalheira, gerando ruídos indesejáveis. É possível repará-la em casas especializadas.

Freios e undercar
Ruídos na parte dianteira de um Corolla podem muitas vezes enganar até mesmo o mais experiente reparador. Geralmente as primeiras peças a serem trocadas são as da suspensão, sem conseguir eliminá-lo. Fique atento aos pinos deslizantes das pinças de freio dianteiras, que com o passar do tempo apresentam desgaste, gerando um ruído semelhante ao de suspensão. O reparo é comercializado na rede autorizada.
O fluído hidráulico utilizado é o Dexron III.

Outro ponto criticado pelo conselho foi à baixa durabilidade das pastilhas quando o veículo possui caixa de marchas automática. A vida útil gira em torno de 20 a 25 mil quilômetros.

Habitáculo
O carpete poderá soltar na região de união com o painel. Cuidado ao utilizar cola que exale odor excessivo, principalmente em veículo pertencentes a mulheres.

Os reparadores Sergio Francisco e Fabio Assis Andrade acessaram o site www.oficinabrasil.com.br e opinaram sobre o veículo. Veja o que eles disseram:

Sergio Francisco: Este carro realmente não quebra mesmo. Se forem realizadas as revisões periódicas, sempre terá um bom carro. O que ajuda também é o grande nível de conforto que não cai com aparecimento de ruídos indesejáveis no interior. Estes ruídos aparecem com o tempo em outros carros, mas neste Toyota não! Nota 10.

Fábio Assis Andrade: Minha nota é 10 e estamos avaliando hoje o melhor carro da categoria. O custo benefício deste veículo é ótimo, com baixa manutenção e baixo custo das revisões preventivas.

Dicas do ISHI

Mario Meier Ishiguro
ISHI AR CONDICIONADO AUTOMOTIVO
CURSOS & SERVIÇOS

É um veículo que pouco frequenta as oficinas de ar condicionado, e os poucos que aparecem geralmente se referem ao que vou falar.
O sistema de ar condicionado tem boa eficiência, com um compressor Denso 10PA15 com 150 cc de cilindrada fixa. O compressor eventualmente pode apresentar vazamento e até ruído interno. Utiliza cerca de 150ml de óleo PAG 46 e trabalha com cerca de 530g, +/- 30g de fluído refrigerante R134a.
Possui um eletroventilador atrás do radiador com duas velocidades, sendo que ao ligar o compressor, o eletroventilador já assume a 1ª velocidade.
Os modelos SE-G, podem ser equipados com comando digital de ar condicionado.
Quando o sistema atinge a eficiência normal, cerca de 7°C no difusor, um sensor de temperatura localizado na caixa evaporadora envia uma informação para desligar o compressor, para evitar o congelamento do mesmo. Após alguns segundos, quando a temperatura volta a subir no evaporador, o sensor envia um sinal para religar o compressor.
Se este sistema tivesse um compressor de fluxo variável, proporcionaria mais conforto ao dirigir, pois o compressor não ficaria ligando e desligando, retendo e liberando mais teor de umidade nos difusores e alterando a rotação do motor.
Obs: Um ponto falho no sistema é a falta do filtro antipólen nos modelos até 2006, o que permitia a entrada de sujeira direto para o evaporador dentro do painel. O acesso ao filtro fica atrás do porta luvas e é possível adaptar um filtro antipólen nestes modelos.

Dicas do conselho
Amauri: É possível encontrar todo o sistema de escapamento após o coletor no mercado paralelo, com preços mais acessíveis em comparação ao original Toyota.

André e Carlos Bernardo: Em Corollas que utilizam as caixinhas flex, poderá ocorrer a queima da trilha de acionamento de algum dos quatro cilindros dentro da ECU, em especial a do 4º cilindro. Neste caso a reparação da ECU será necessária.

Carlos (Stilo Motores): As mangueiras do sistema de arrefecimento podem confundir o reparador. Peguei um na oficina que apresentou uma ligeira dilatação em uma delas, ocasionando a despressurização do sistema somente depois de aquecido, interrompendo o funcionamento da ventoinha. Fique atento e na dúvida substitua a mangueira por uma original e aplique o aditivo idem.

Danilo: Antes de sair desmontando tudo peça orientação ao chefe de oficina da marca. Aproveite o momento da compra da peça para conversar tecnicamente e tomar um café, que poderá resultar em uma enorme economia de tempo e dinheiro.

Eduardo: Um sensor de temperatura mal encaixado ou com mal contato poderá gerar o acendimento da lâmpada de injeção no painel de instrumentos.
As mangueiras do ar condicionado podem apresentar vazamento através das borrachas e o’rings de vedação. Fique atento.

Julio: Se você ouvir ruídos metálicos na parte traseira ao transitar por ruas de paralelepípedo, confira as pastilhas de freio traseiras, que ficam folgadas na região de contato com o cavalete de alojamento.

Paulo: O componente sensor de temperatura, motor de passo e a entrada de ‘ar falso’ poderão deixar a marcha lenta a níveis altos. Se pegar um defeito destes, inicie a verificação por estes itens.

Torigoe: Os vidros elétricos não funcionam mais ao toque do botão? Verifique o conjunto da porta do motorista, que apresenta mal contato com certa facilidade.



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