terça-feira, 26 de abril de 2011

Audi RS6: V10 de Gallardo numa station

Com motor de Lamborghini e a tradição das station wagon esportivas da Audi, a RS6 vai fazer a família toda ‘pirar’

Gerson Campos - fotos: Pedro Bicudo
Audi RS6 Avant

A pista de testes de Limeira (SP) operava em sentido horário naquele dia. Combinei com o Marcos Brasil, nosso editor de vídeos, que ele ficaria no fim da pista do lado esquerdo (há duas retas com 1,8 km ligadas por longas curvas de 180°) com a câmera a postos para fazer a tomada do RS6 passando em alta velocidade. No teste, consegui atingir 270,3 km/h (não aferimos a máxima lá porque o espaço é insuficiente, mas o Audi RS6 Avant certamente chegaria aos 280 km/h limitados eletronicamente). Meu ponto de freada ficava entre a placa branca, que recomenda 60 km/h (ainda bem que não temos guardas por lá), e a amarela, que indica a chegada da curva à direita. Tranquilo.
No fim da reta, porém, a imagem do Marcos quase dentro da pista atraiu meus olhos. Isso não deveria ter acontecido. Num fim de reta, àquela velocidade, os olhos devem estar na pista. Sempre. Eu sabia. E me traí por meio segundo. Pronto. Foi o suficiente para, percorrendo 270 km/h, avançar 37,5 m a mais do que o planejado antes de frear. Quando foquei novamente o que vinha à frente, quem estava lá? A placa amarela, um ponto irresponsável de frenagem.
Não cheguei a acreditar que estivesse em perigo, mas, confesso, a imagem da curva perto demais — a 270 km/h — era assustadora. Para mim, não para o carro. Com discos ventilados mordidos por 6 pinças, o sistema de freios do RS6 me devolveu a tranquilidade (e uma velocidade adequada para entrar na curva sem palpitações) em coisa 2s0. Isso porque a unidade testada nem tinha discos cerâmicos, ausentes no pacote que a Audi definiu para o RS6.
Esportivo peculiar
Até aqui, você já percebeu que o RS6 acelera e freia demais, como todo bom esportivo testado pela Carro. Então, ele é apenas mais uma máquina de sonho? Não. Este Audi traz coisas diferentes em relação aos outros modelos que chegam a 100 km/h em menos de 5s0 (o RS6 Avant acelerou em 4s4, 0s2 mais rápido que os 4s6 declarados pela fabricante). Juntas, essas qualidades criam um esportivo único. Vejamos.
Se você só conseguiu os R$ 554 300 suficientes para ter um RS6 numa época da vida em que as dores nas costas já atacam o seu sossego, fique tranquilo. O Audi não exigirá que você se abaixe muito para entrar, como num Porsche, ou faça contorcionismo, como num Lotus Elise. É tão fácil e natural assumir o volante de um RS6 quanto o de um A6. Mas as semelhanças entre o “A” e o “RS” param por aí. Motor, bancos, rodas, freios e pneus são diferentes, o que transforma um carro familiar num esportivo de ponta sem que ele perca sua principal característica: a versatilidade.
Com o conforto de um A6 Avant, o RS6 mantém os 565 litros do porta-malas, o espaço para cinco ocupantes e uma suavidade semelhante (as rodas de 20” e os pneus 275/35 não fazem milagre em pisos ruins) com a suspensão regulada no modo Comfort. Na opção Dynamic, seu RS6 já deixa a cordialidade de lado nos buracos. É o limite para andar na rua — melhor usar a opção Sport só em autódromos.
Essa versatilidade, porém, cobra seu preço: o RS6 Avant não é um esportivo visceral, daqueles de dar frio na barriga. Longe disso, apesar de seus excelentes 580 cv e 66,3 mkgf de torque.Grande parte dessa “calma” se deve à tração integral quattro, que move a carroceria como se ela estivesse sobre trilhos e impede reações brutais, comuns em um esportivo com essa potência e tração traseira.
Nas saídas de curva da pista de Limeira, por exemplo, era só “dar pé”, deixar a carroceria rolar e entrar lançado na reta. O lado positivo é que a sensação de segurança, mesmo como controle de estabilidade no modo mais permissivo, era alta. E isso é bom, já que, não se pode esquecer, estamos falando de uma perua.
Só falta o câmbio de dupla embreagem, que seria a cereja no V10. A Audi, aliás, tem know-how com esse tipo de transmissão, o que causa certa estranheza ao notarmos a ausência de um dual clutch na ficha técnica. Em todo caso, encomende um manual se quiser mais emoção.
Mas não é nada que abale a credibilidade de uma autêntica station wagon RS — a primeira da estirpe foi a RS2, desenvolvida em parceria com a Porsche para oferecer 315 cavalos.






Uma dica final: o RS6 vai chamar bastante atenção nas ruas. Não se distraia com os olhares. Com um desses, seu foco deve estar na pista. Sempre.

Ficha Técninca:
Motor 10 cilindros em V, 40 válvulas, dianteiro, longitudinal, gasolina
Cilindrada 4.991 m³
Potência 580 cv a 6.250 rpm
Potência específica 116,2 cv/l
Torque 66,3 kgfm a 1.500 rpm
Taxa de compressão -
Transmissão automático de 6 marchas
Tração integral, quattro
Direção hidráulica
Suspensão dianteira independente, multibraço
Suspensão traseira independente, multibraço
Freios dianteiros discos ventilados com ABS
Freios traseiros discos ventilados com ABS
Rodas alumínio aro 20"
Pneus 255/40 R20
Comprimento 4,92 m
Altura 1,46 m
Largura 1,88 m
Entreeixos 2,84 m
Porta-malas 565 l
Tanque 55 litros
Peso 1.985 kg
Peso/potência 3,4 kg/cv


CONFIRA O VÍDEO DO AUDI RS6 AVANT NA PISTA DE TESTES:


**Fonte: http://carroonline.terra.com.br/noticia,5714,audi-rs6-v10-de-gallardo-numa-station

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