sexta-feira, 3 de junho de 2011

Citroën C-Zero deixa até os franceses eletrizados




Quem pensa que um novo modelo totalmente elétrico em uma cidade cosmopolita como Paris, repleta de carrões e marcas diferentes pelas ruas, não chama a atenção está completamente enganado. Nos dias em que Interpress Motor avaliou com exclusividade o Citroën C-Zero pela capital francesa, não faltaram olhares curiosos, comentários e abordagens.
Prova disso é que, em um final de noite, parei para tomar um café no Mabillon, restaurante descolado no Boulevard Saint Germain, estacionando o modelo bem na porta. O porteiro puxou conversa e ficou meia hora perguntando sobre o carro. Era a véspera da devolução. Na noite seguinte, já sem ele, voltei ao mesmo café. Um garçom se lembrava de mim e veio perguntar: "Você não era aquele que ontem estava aqui com um carro elétrico?"

Pois é. Logo que retirei o carro do escritório da Citroën, fiquei surpreso com a sua agilidade. Sem trancos para partir nem para mudar a marcha (sua transmissão é automática com apenas uma velocidade), o modelo é equipado com um motor de 47 kW (ou 67 cavalos), desenvolvidos logo a 2.500 rpm, com torque de 18,36 kgfm de 0 rpm a 2.500 rpm. Ou seja, não fica nada a dever a modelos 1.4 e 1.6 quando o assunto é fôlego para andar na cidade.

Citroën C-Zero - foto Luís Perez

Citroën C-Zero - foto Luís Perez
O Citroën C-Zero durante nosso teste pelas ruas de Paris

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Sua potência é transmitida às rodas traseiras por meio de um redutor monovelocidade. A alimentação do motor é feita por baterias de íon-lítio, implantadas no centro da carroceria. A tecnologia íon-lítio permite limitar a massa das baterias em relação a tecnologias tradicionais. O resultado é zero ruído, zero consumo de combustível e zero emissão – será que vem daí o nome C-Zero?

Um ponto me preocupa: o computador de bordo marca, logo após sair, apenas 127 quilômetros de autonomia. Isso significa que não poderia fazer nenhuma viagem sem que tivesse certeza de que poderia encontrar uma tomada de 220 volts (sim, dessas comuns...) à disposição. É como ir de São Paulo a Campinas e precisar reabastecer (no caso, provavelmente tendo de pernoitar, pois a recarga é lenta) para voltar. Resolvi então não sair de Paris. E é para isso que o C-Zero existe: para uso urbano no dia a dia.

No entanto, como estava testando o carro, não poderia deixar de procurar um local para recarregá-lo. Não sendo morador da cidade, fui atrás de uma dessas estações de recarga que ficam dentro de estacionamentos subterrâneos – facilmente reconhecida pelo desenho de um carrinho com um plugue na ponta (aliás, a bomba de combustível retratada no painel digital do C-Zero também tem um plugue na extremidade).

Citroën C-Zero - foto Luís Perez
Vista geral do painel; monovolume é muito bem equipado

Por pouco mais de uma hora de estacionamento (e recarga), paguei 4 euros (pouco mais de R$ 9), mas o carro ganhou apenas dez quilômetros de autonomia. Moral da história: em relação a um veículo a combustão, você está fazendo sua parte para não destruir o meio ambiente, mas vai gastar muito mais, pois o estacionamento em Paris não é nada barato.

Para recarregar totalmente o veículo, é preciso deixá-lo na tomada por seis horas. Há outra alternativa de recarga rápida (80% em 30 minutos), em uma condição bem específica: por uma ligação a uma tomada externa que forneça corrente monofásica de 125 A em 400 volts. A recarga normal é feita por um compartimento do lado direito; o da rápida fica do lado esquerdo.

O uso do carro é igual ao de qualquer outro veículo. Basta girar a chave e imediatamente um sinal sonoro informa que a partida foi dada. O medidor de combustível é substituído por um indicador de carga da bateria. Ao contrário do que ocorreu com o Ford Fusion Hybrid, que testamos durante um mês no Brasil (leia aqui), o C-Zero não provoca sustos nos pedestres, apesar de não fazer barulho algum. Acontece que os europeus estão mais habituados a lidar com ciclistas e portanto são automaticamente mais atentos na hora de andar pelas ruas.

Por fora, o modelo lembra as minivans maiores da linha Citroën (seu comprimento é de apenas 3,48 metros), como C4 Picasso e Grand C4 Picasso, e também chama a atenção, mesmo em Paris. Não tem a pretensão de ser um modelo superespaçoso, mas cumpre com louvor o papel de transportar quatro pessoas (duas na frente e duas atrás). Sua distância entre-eixos é de 2,55 m. O porta-malas também não é dos mais amplos – tem 166 litros.

Citroën C-Zero - foto Luís Perez
Seu "reabastecimento" é feito em uma tomada comum

Nem por isso pode-se chamar o C-Zero de um carro "pelado". Seu nível de equipamentos é de um médio brasileiro bem equipado, com direito a direção elétrica, ar-condicionado, câmbio automático, CD player com Bluetooth e entrada USB, freios com sistemas ABS (antitravamento), ASR (controle de tração), ESP (programa eletrônico de estabilidade), vidros elétricos (inclusive para quem viaja atrás), seis airbags, dispositivo Isofix para prender cadeirinha de criança e caixa telemática para chamadas on-line de serviços de emergência.

Dados de desempenho divulgados pela marca dão conta de que a aceleração de 0 a 100 km/h se equipara à de um carro 1.0 no Brasil (aproximadamente 15 segundos), com de 60 km/h a 90 km/h em 6 segundos. A velocidade máxima é de 130 km/h. Seu peso é o mesmo de um compacto brasileiro, 1.120 kg.

Vale lembrar que, para quem mora em uma cidade bem servida de transporte público e tem uma garagem com tomada à disposição, quase 130 quilômetros de autonomia é mais do que suficiente para resolver a imensa maioria dos problemas de mobilidade. Estatísticas comprovam que, na França, 70% dos percursos cotidianos feitos de carro durante a semana ficam abaixo de 30 quilômetros, para uma média global de 40 quilômetros.

Comercializado desde o último trimestre do ano passado (foi exposto no Salão de Paris, em outubro), o C-Zero foi desenvolvido em colaboração com a Mitsubishi Motors Corporation (sua base é o i-MiEV) e chega ao consumidor final por 35.350 euros (R$ 81.700), com direito a bônus governamental – o mesmo que já existe no Berlingo First Electrique, primeira oferta da marca no segmento dos elétricos – de 5.000 euros. Ou seja, na prática ele sai, na França, por 30.350 euros (R$ 70.100). É um valor alto, mesmo para os padrões europeus, lembrando que a nova geração do Citroën C3 custa de 13.250 euros a 21.400 euros.

Depois de devolver o C-Zero, saio andando em direção à estação Saint Ouen do metrô parisiense. Nessa hora, não sai da minha cabeça, sobre o modelo, a pergunta: como seria interessante se todos (ou quase todos) fossem iguais a ele.

FICHA TÉCNICA
Citroën C-Zero
Motor:
 baterias de íon-lítio posicionadas no centro da carroceria que transmitem energia às rodas traseiras
Potência: 67 cv (48 kW) a 2.500 rpm
Torque: 18,36 kgfm de 0 rpm a 2.500 rpm
Direção: elétrica
Câmbio: automático, monovelocidade
Suspensão: dianteira pseudo McPherson, com barra estabilizadora; traseira tipo De Dion
Freios: a disco na dianteira e tambor na traseira, com sistemas ABS (antitravamento), ASR (controle de tração) e ESP (controle eletrônico de estabilidade)
Dimensões: 3,48 m de comprimento; 1,48 m de largura; 1,61 m de altura; 2,55 m de entre-eixos
Peso: 1.1.20 kg
Autonomia: 130 quilômetros
Porta-malas: 166 litros (860 litros com os bancos traseiros rebatidos)
Preço: 35.350 euros (R$ 81.700); com bônus governamental de 5.000 euros, o valor cai para 30.350 euros (R$ 70.100)


**Fonte: http://www2.uol.com.br/

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