Já que iniciamos falando sobre inspeção veicular vamos direto para algumas dicas do conselho editorial que tiveram muitas dificuldades no inicio do programa e agora já podem apontar alguns atalhos para os reparadores de outros estados que mais cedo ou mais tarde irão receber clientes reprovados na inspeção, e certamente o Fit estará entre eles.
Velas - Muita atenção com este item, examine bem e a qualquer sinal de desgaste substitua por peças originais e confira a abertura que deverá estar entre 1 e 1,3 mm. No caso do 1.4 que utiliza 8 velas, ao fazer a manutenção substitua todas.
Bicos Injetores - Devem ser sempre testados e limpos.
Descarbonização - Acumulo de óleo no TBI ou carbonização nas velas de ignição podem ser sinais de que a vedação do cilindro está sendo prejudicada por carvão nas costas das válvulas. Uma boa opção é efetuar a descarbonização através de uma tomada de vácuo do coletor de admissão, para evitar a desmontagem prematura do motor.
Cânister - Uma das maiores reclamações é a de que o sistema de injeção do Fit efetua a purga do sistema de ventilação do tanque durante a marcha lenta causando o aumento da emissão de poluentes bem no momento do teste nesta condição. Se este for o caso, pode ser resolvido utilizando um pequeno filtro de combustível na mangueira que sai da eletroválvula de purga do cânister para o TBI.
Regulagem de válvulas - Deve ser feita a cada 40 mil km no modelo 1.4 com o motor frio seguindo os valores de 0,15 a 0,19 mm para as válvulas de admissão e 0,26 a 0,30 mm para as de escape.
Óleo - A utilização de óleo lubrificante incorreto influencia no controle de folgas do motor e pode interferir na emissão de poluentes, por isso utiliza o original Honda, o preço é praticamente o mesmo do mercado paralelo.
Catalisador - Principalmente nos modelos 1.5l, desconfie deste item e faça os testes de variação de temperatura dos gases com o termômetro infravermelho.
Motor e câmbio
O motor do Honda Fit é um exemplo de downsizing, todo em alumínio e com componentes fabricados com materiais que proporcionam grande resistência com tamanho reduzido, porém está resistência esta limitada as condições de uso normal do motor e são muito sensíveis a qualquer intervenção externa.
O conselheiro José Claudio Cobeio da Cobeio Car, já recebeu um modelo que sofreu calço hidráulico e teve o conjunto completamente destruído devido a quebra de uma das pequenas bielas. Todas as peças foram encontradas apenas em concessionárias e para realizar a montagem foram utilizadas tabelas de torque fornecidas pelo Sindirepa.
Apesar de pequeno, o propulsor e o câmbio geram um trabalho enorme para serem removidos e instalados, mesmo nos casos de troca apenas de embreagem, a primeira vista parece tarefa simples, porém segundo o mecânico Junior, do Auto Elétrico Torigoe, exige remoção do ventilador para permitir o deslocamento do câmbio para frente do carro e também o retrabalho de uma chave combinada de 14 mm para a remoção de um dos parafusos do motor de arranque.
O câmbio do Fit é muito elogiado devido aos engates macios e precisos, porém é criticado quanto as curtas relações de marcha, principalmente no 1.5l que utiliza as mesmas relações do 1.4l e a 120km/h marca altos 4 mil RPM no tacômetro, o que aumenta o ruído mas não chega a interferir no consumo de combustível, otimizado graças ao sistema V-tec, que atua reduzindo a abertura de uma das duas válvulas de admissão de cada cilindro nos regimes de baixa carga.
Verifique sempre o coxim superior do câmbio que costuma quebrar com facilidade. Para diminuir este problema, as concessionárias Honda estão vendendo o coxim com uma bucha para aumentar a vida útil do mesmo. Fique atento também a mangueira de óleo do câmbio, que encosta no defletor do radiador e pode gerar um vazamento.
O câmbio CVT utilizado no Fit não costuma apresentar problemas, a reclamação fica por conta dos proprietários que não se adaptaram bem ao sistema e se queixam da falta de agilidade e da maneira como a variação da relação de marchas é feita. A Honda também teve dificuldade de adaptação do CVT com o sistema Flex, e para este ano volta a utilizar o sistema convencional para o Fit.
O filtro de combustível foi alvo de criticas por parte do conselho quanto a dificuldade de manutenção, já que está posicionado no interior do tanque. A Honda convocou para um recall mais de oito mil modelos de Civic e Fit para reparar uma possível falha que causaria vazamento e consequente perda de pressão no sistema.
O conselheiro Danilo Tinelli atenta para a troca das vedações e aterramento do sistema ao realizar a troca do filtro que deve ser feita aos 40 mil km. Este kit de vedação possui também o anel do regulador de pressão que caso não seja bem posicionado pode causar vazamento e conseqüente dificuldade nas partidas.
Undercar
A suspensão é o ponto mais criticado do Honda Fit, causa de diversos barulhos provenientes de folgas nas hastes dos amortecedores dianteiros, mas também podem ser oriundos dos batentes superiores e bieletas que se danificam com facilidade. Ao transpor buracos ou valetas em maior velocidade, é comum ouvir um barulho devido a eliminação de um stop hidráulico dos amortecedores para reduzir custos de fabricação dos mesmos.
A caixa de direção com auxilio elétrico costuma apresentar folga na cremalheira apresentando estalos ao esterçar o volante. O custo de uma caixa nova é cerca de R$4 mil, por isso o conselheiro Danilo Tinelli optou por recondicionar a mesma quando teve um caso em sua oficina. Danilo também informa que a ferramenta de regulagem de folga da caixa do Chevette pode ser utilizada neste modelo.
Sempre que for remover esta caixa, primeiro centralize a direção e não gire o volante enquanto estiver desmontada para não perder a referência entre o centro da caixa e o centro do volante que possui além da mola relógio do Air Bag, um sensor de posição. Caso esta referência se perca, a luz de anomalia da direção irá se acender e o motor elétrico não irá atuar deixando a direção extremamente pesada.
O conselheiro Fábio Cabral, da Box Mecauto, faz duras criticas aos rolamentos de roda traseiros que constantemente apresentam barulho e muitas vezes, mesmo após a troca, o barulho permanece. No Auto Elétrico Torigoe, o mecânico Junior diz ter perdido as contas de quantos rolamentos desse já trocou por problemas de barulho.
Sistema elétrico
O Fit foi muito elogiado pela robustez e durabilidade. Os itens que apresentam maior manutenção são bateria, que o conselheiro Sérgio Torigoe informou já ter substituído em diversos casos e o regulador de tensão, que Leonardo Campos do Auto Elétrico Campos disse já ter substituído três em uma mesma semana, porém a mão de obra para a troca é simples, apesar da necessidade de remover o alternador, e a peça é facilmente encontrada nos autopeças a um custo razoável, mas atenção na hora da compra, pois os vendedores costumam oferecer a peça do Gol de terceira geração que serve perfeitamente, mas não é a ideal, além de o regulador correto ser mais barato.
Depoimento dos conselheiros
o carro, com um bom conjunto, apesar de achá-lo um pouco lento nas retomadas. Uma única ressalva sobre este carro é o consumo muito alto nos motores flex, (álcool 5,5 km/l e gasolina: 6,5 a 7,5 km/l).
Paulo Pedro B. Aguiar Jr. – Recomendo. O Honda Fit é um veículo bom, mas tem problemas com os amortecedores. O filtro de combustível é dentro do tanque, fato que traz ao reparador muito trabalho, além de ser um dos mais reprovados na inspeção veicular.
Eduardo de Freitas Topedo – Não recomendo. Na primeira geração saiu bem acertado, porém com essa nova versão observo os clientes reclamarem de muito consumo de combustível, e retomadas de aceleração muito lentas.
Danilo Jose Tinelli – Eu recomendo, é um bom carro, porém é difícil encontrar peças e nas concessionárias o preço é alto.
André Bernardo – Recomendo. É um bom carro e o consumo é satisfatório. Tomar sempre cuidado quanto à troca das velas, pois a bobina é bastante sensível. O carro é problemático com a inspeção veicular na situação de marcha lenta devido a estratégia do módulo.
Carlos Bernardo – Bom automóvel, sem muitos problemas, exceto quanto à inspeção veicular em São Paulo e com o coxim do câmbio automático que quebra bastante.
Sérgio Sehiti Torigoe – Recomendo o veiculo por sua durabilidade e confiabilidade, por não ser um carro muito visado por roubo e seguro barato em sua categoria. Ressalvo apenas a falta de espaço para manutenções no motor e dificuldade de adequação do motor para inspeção na Controlar.
Julio Cesar – Recomendo. Apesar de em alguns itens eu tenha dado notas baixas, pela dificuldade de acesso a alguns componentes, como bomba e filtro de combustível. O sistema de ignição é de difícil diagnóstico, porque alguns modelos utilizam duas bobinas de ignição e para saber qual delas esta com defeito dá trabalho. Eu recomendo o carro por ter uma boa aceitação pelos meus clientes que na maioria só elogiam pela boa dirigibilidade e um baixo consumo de combustível, e eu como consumidor e não como reparador gosto muito do carro.
Fabio Cabral – O veiculo além de não ter um objetivo em seu desenho, a aparência não me agrada em nada, um carro que não me dá prazer em conduzir e muito ruim em alguns pontos, principalmente em relação a inspeção veicular, sem duvida nenhuma o carro com mais dificuldades para passar, tendo como dificuldade maior a válvula canister, além de muitos ruídos de suspensão causados por peças de má qualidade, os rolamentos das rodas traseiras são um desastre.
**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br