sexta-feira, 15 de julho de 2011

Comparativo: Chery QQ vs. Effa M100

 

Os chineses mais baratos do Brasil tentam conquistar quem pode gastar só R$ 25.000


O consumidor que só pode gastar entre R$ 22.000 e R$ 25.000, tem como opção procurar um bom modelo seminovo ou partir para um compacto novo, mas sem nenhum equipamento extra. O Chery QQ, que custa R$ 22.990, e o Effa M100, que tem preço de R$ 25 980, querem seduzir justamente a este público. A proposta é oferecer um carro completo por um precinho inacreditável. Mas será possível conciliar tudo isso sem deixar a qualidade cair pelo caminho?


Na edição nº 207 da Revista Carro, o editor-assistente César Tizo percorreu 700 km com o QQ e não levou sustos. Nada no carro quebrou ou começou a fazer barulho. Desta vez, não foi diferente. O Chery não nos deixou pelo caminho, mas as deficiências no acabamento ainda estão lá. O painel — que não tem a cor clara nas concessionárias, e sim cinza — apresenta rebarbas, plástico de textura desagra­dável e encaixes frágeis. A versão que está nas lojas também perde sensor de estacionamento e rodas de liga leve. A carroceira também estava desalinhada.


O Effa M100 que, segundo a marca, passou a ser montado em outra fábrica da China, teve história um pouco diferente. O carro nos foi entregue com apenas 80 km rodados, mas já tinha partes plásticas da carroceria riscadas. Por dentro, várias junções do painel já começavam a se soltar e um adesivo na parte central disfarçava um defeito. O encosto do banco traseiro bipartido cedia quando alguém se sentava.


A forração usada no porta-malas tam­bém merece ser revista. O material tinha cortes irregulares e foi colado de maneira equivocada. As beiradas ficam soltas, passando sensação de desleixo.


Outro aspecto que chamou a atenção foi a dificuldade para fechar as portas do M100. Sempre foi preciso usar mais força que o habitual para completar a tarefa. A quantidade de rangidos entre as partes das portas e os componentes plásticos do interior causou má impressão. Tudo isso num carro 0 km.


Os chineses gostam de carros com suspensão macia. É a preferência deles e vamos respeitar. E os pequenos M100 e QQ seguem essa receita com fidelidade. É até compreensível, afinal, com rodas tão pequenas e entre-eixos curtos, os carrinhos chineses vibrariam ainda mais se tivessem molas e amortecedores duros.


No entanto, o conjunto “molenga” desses modelos não é, necessariamente, sinônimo de conforto ou de silêncio a bordo. As nossas medições mostram que o QQ é mais silencioso do que o M100, mas a história muda quando colocamos os carros em movimento, daí os melhores números são do Effa. Já o comportamento dos carros ao enfrentar ondulações muda o cenário.


No Chery, a suspensão trabalha frene­ticamente, mas a forração acústica filtra um pouco do ruído, mesmo com o carro tendo mais de 11.000 km rodados. Já o M100, com menos de 100 km no hodômetro, teve a cabine invadida pelos barulhos e ainda combinava a “sinfonia” com os rangidos dos plásticos no interior.

Os bancos do Effa também não colaboram para o conforto. O desenho é simples e a espuma dura maltrata as costas, cansando o corpo em congestionamentos. Achar a melhor posição de dirigir também é difícil. O QQ tem banco mais macio, mesmo assim, a empresa poderia revisar o componente para aumentar a sua durabilidade. A unidade que avaliamos já mostrava sinais de des­gaste e costuras esgarçadas.

O QQ e o M100 querem fisgar o cliente pela lista de equipamentos extensa, porte compacto e preço baixo. No entanto, quem busca um 0 km quer justamente evitar as dores de cabeça de um veículo de segunda mão. A sensação é a de que ambos precisam de ajustes e ganhar mais qualidade e robustez. Isso, claro, sem abdicar de seus preços baixos.


Conclusão

1) Chery QQ

O QQ tem um visual simpático e não pregou nenhum susto enquanto esteve conosco nem mesmo nos 700 km percorridos num único dia. O interior ainda carece de um cuidado maior. A construção precisa de mais capricho. Pelo menos, fica a garantia da marca que a cor bege do painel e dos bancos foi substituída por cinza, mais ao gosto do brasileiro. Ao volante, o QQ não empolga, mas esta não é a proposta do modelo. Por ter mostrado mais robustez que seu rival e uma lista de equipamentos de série maior com airbags e ABS — itens não disponíveis no Effa —, o QQ levou a melhor. No entanto, a sua nota média de 6,5 revela que ainda há muito o que evoluir. Só o preço de R$ 22.990 não é suficiente para garantir as vendas do compacto.





2) Effa M100

O Effa chegou às nossas mãos com a promessa de ter sanado alguns de seus problemas de projeto. Porém, o M100 mostrou pouca qualidade. O encosto do banco traseiro cedia ao leve apoiar de qualquer ocupante e a carroceria parecia já maltratada pelos elementos da natureza. O interior apresentou vários rangidos. A suspensão nos testes dinâmicos se mostrou incomodada com manobras bruscas. A conclusão é que o projeto do M100 pode até ser bonito no papel, mas na realidade ainda são necessários ajustes para o modelo ser considerado na hora da compra. Sua nota é 5,8.




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