segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Aceleramos o Kia Cadenza 3.5 V6

 Fabio Aro

Quem diria que o sucessor do Opirus (imitação ruim de Mercedes) ficaria tão bom como os melhores alemães?
O Kia Cadenza tem cinco anos de garantia e preço inicial de R$ 119.900
Assim que percebe a aproximação do dono, o Cadenza aciona as luzes na maçaneta e no retrovisor. Para entrar, basta apertar o botão e puxar a porta, sem uso da chave – que também não é necessária para ligar o motor. É só pressionar o botão de ignição que a máquina acorda, sem nenhum alarde e com muito silêncio. Enquanto isso, o banco e a direção (que estavam recuados, para facilitar o acesso do motorista) retornam à posição memorizada.
Andando, o Cadenza continua a surpreender. A dobradinha formada pelo motor 3.5 V6 (290 cv) e pelo câmbio automático de seis marchas é uma das melhores duplas de ataque da atualidade. Apesar dos 4,96 metros e dos 1.575 kg, na pista o Cadenza fez 0 a 100 km/h em 7,5 segundos – com louvor. Nas arrancadas, o modelo sai fritando os pneus dianteiros por uns bons metros, num comportamento tanto feroz como incomum para um carro automático, e que em nada lembra a docilidade de um sedã de luxo. Mesmo sendo maior e mais equipado que o antecessor Opirus, o Cadenza é 130 kg mais leve, o que também explica a agilidade.
 Fabio Aro
O acabamento é bom e a ergonomia agrada. Tudo o que aparece na foto é de série
O Kia Cadenza chegou lá. E “lá” é onde se encontram os modelos alemães. A montadora coreana caprichou no sucessor do Opirus (uma imitação barata e ruim do Mercedes Classe E). O novo modelo empolga em estilo, acabamento, refinamento e desempenho. Além disso, tem garantia de cinco anos e preço competitivo: custa R$ 119.900, ou R$ 124.900 com teto solar panorâmico.
A sedução começa pelo estilo. A frente ostenta para-choque de desenho esportivo, com linhas retas e entrada de ar trapezoidal. O uso de leds nos piscas reforça a modernidade do projeto, assim como o formato dos faróis de xenônio. Visto de lado, o modelo lembra bastante o Kia Optima, principalmente por causa do recorte do vidro da porta traseira. O Cadenza, porém, é 12 cm maior. Além disso, tem rodas mais elegantes que as do Optima. A traseira lembra um pouco o BMW Série 3, especialmente por conta do formato das lanternas. Além de bela, a criação de Peter Schreyer, chefe de design da Kia, ainda resultou em baixa resistência aerodinâmica (Cx 0,29).  
Os controles se encontram no painel
 Fabio Aro Com a porta aberta, o sedã revela a palavra “cadenza” iluminada na soleira. Acho que a Kia usou a iluminação de forma moderada e conseguiu transmitir sensação de requinte com o recurso. Com um pouco mais de luz, a boa ideia resvalaria no lado brega.
Se a luz na soleira pode dividir opiniões, o modelo traz soluções bem práticas. Caso da tela traseira de acionamento elétrico: se ela estiver fechada e o motorista engrenar a ré, a tela automaticamente baixa, e volta a subir quando o carro for para frente. Além disso, a imagem da câmera de ré aparece no espelho retrovisor (como no Soul).
Sabe aquela sutil iluminação azulada existente no interior dos BMW, que serve para clarear suavemente o console? Pois no Cadenza ela também está lá. Quer mais um ponto forte? O sistema de som pode ser controlado do banco de trás, por meio das teclas no apoio de braços central. O entre-eixos de 2,84 m garante bom espaço na traseira – condição fundamental para um veículo que aspira entrar no mundo executivo. Afinal, o Cadenza tem o porte do primo Hyundai Azera.
 Fabio Aro
O Kia Cadenza de 4,96 m tem lanternas de led e faróis de xenônio. O teto paronâmico é o único opcional
Andando, o modelo empolga. Em rotações médias, o motor funciona silenciosamente, com mínima intervenção na cabine – a menos que o motorista queira ouvir a máquina. Nesse caso, o V6 se manifesta em forma de uma agradável sinfonia, e o Cadenza – apesar do porte e do estilo – se transforma em esportivo. Além do 0 a 100 km/h bem convincente, o Cadenza fecha o primeiro quilômetro a 195,2 km/h, partindo da imobilidade. Fui buscar parâmetros e encontrei desempenho semelhante no Omega Fittipaldi, que aliás tem potência equivalente (292 cv). O modelo da Chevrolet, porém, é mais caro (R$ 128.600), tem projeto mais antigo, visual muito mais conservador e menos equipamentos. Para se ter uma ideia, o Omega oferece apenas quatro airbags. O Kia vem com oito (frontais, quatro laterais e de cortina). A vantagem no motor da Chevrolet está na injeção direta (tecnologia ainda não utilizada no coreano).
Controle de som nos bancos traseiros
 Fabio Aro A transmissão automática de seis marchas agrada bastante. Só acho que a alavanca poderia estar um pouco mais adiantada, o que melhoraria ainda mais a ótima ergonomia. Já que estou pedindo aperfeiçoamentos, eu também não reclamaria se o volante tivesse borboletas para trocas manuais.
Ao contrário da maioria dos carros com motor V6, o Cadenza tem tração dianteira, e não atrás. Por isso, no limite, ele tende a escapar um pouco de frente, mas o sedã suportou muito bem as provocações durante o teste, e apresentou bom equilíbrio de suspensão. A Kia informa que essa plataforma é nova, e deverá ser empregada por outros modelos da empresa.
Uma das poucas coisas que não condizem com um projeto tão moderno é o freio de estacionamento acionado pelo pé. Um carro como o Cadenza merece freio eletro-hidráulico, sistema que já equipa veículos mais baratos. Com esse sistema, basta engrenar a marcha e acelerar que o freio desarma sozinho. Outra falha: as portas não travam automaticamente com o veículo em movimento. A Kia, porém, informa que o próximo lote do Cadenza virá com o dispositivo. No geral, as pequenas falhas são compensadas com folga pelas qualidades.
 Fabio Aro
O Cadenza é imponente e inaugura uma nova plataforma, com tração dianteira: jeito de alemão.
*Fonte: http://revistaautoesporte.globo.com/Revista/Autoesporte/0,,EMI240681-15846,00.html

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