Texto: Fernando Lalli
Fotos: Divulgação
Quando a tragédia se abateu sobre a última etapa da temporada de 2011 da Formula Indy, em Las Vegas, muitos apostavam que a categoria nunca conseguiria se refazer. A morte do piloto inglês Dan Wheldon foi uma das cenas mais chocantes produzidas na história do automobilismo mundial. Um acidente que envolveu 15 carros que corriam acima dos 300 km/h. Uma tragédia anunciada pelos próprios pilotos, que nos treinos apontavam para o perigo que aquele oval apresentava, considerando o grid de 34 carros, com alguns pilotos jovens, inexperientes e afoitos demais para aquelas condições de velocidade intensa.
Dan Wheldon durante a apresentação
do novo modelo da Dallara em Indianapolis
Durante o ano de 2011, Wheldon rodou mais de 3 mil km em testes privados com o novo carro. A bagagem técnica de conhecimento do modelo (e uma vitória inesperada nas 500 Milhas de Indianápolis) levou a negociações com a equipe Andretti, e provavelmente o inglês seria o piloto deste time na temporada 2012. Antes, porém, veio o convite para participar da corrida em Las Vegas, na qual concorreria sozinho a um prêmio de 2,5 milhões de dólares caso fosse o vencedor, já que não disputava a temporada regular. Largaria em último, atrás de outros 33 carros. Na volta 12, já estava na 24ª colocação. Então veio o acidente.
Em sua homenagem, a Dallara batizou o modelo de DW 12. As iniciais do nome do piloto que ajudara a desenvolver o carro que, em 2012, inaugura uma nova era na Formula Indy. Uma era que se vê obrigada a apagar as imagens de Las Vegas da memória do automobilismo e evitar que a crise caia sobre a categoria.
O DW 12 é o primeiro modelo da Dallara para a Indy totalmente novo desde 1997. Feito inteiramente em fibra de carbono, o novo chassi tem 5.012 mm de comprimento e 2011 mm de largura. Sem o motor, pesa 626 kg, 84 kg a menos que o seu antecessor, o IR07, utilizado até 2011 e fabricado pela mesma Dallara. O peso mínimo do carro completo é de aproximadamente 710 kg.
Com o conjunto aerodinâmico original da Dallara, o carro dividiu opiniões sobre o seu design. O tetracampeão Dario Franchitti, da equipe Ganassi, declarou que espera ver carros mais bonitos quando vierem os pacotes aerodinâmicos independentes. Mas quem certamente está feliz são os patrocinadores, já que as grandes áreas planas permitem boa visualização das marcas. E quando a combinação de cores é feliz, o DW 12 fica especialmente bonito, pelo menos na opinião deste jornalista, como nos casos da pintura de Helio Castroneves com a marca Shell.
A volta do turbo
A filosofia do powertrain do DW 12 é completamente diferente de seu antecessor. Substituindo os antigos 3.5 V8 aspirados, fornecidos exclusivamente pela Honda, estão os novos motores V6 turbinados de 2,2 litros, fabricados por três marcas: Honda, Chevrolet e Lotus. As três marcas entraram na competição por meio de seus braços esportivos e parcerias. A Honda vem por sua divisão Honda Performance Development, enquanto a Chevrolet trabalha junto com a Ilmor Engineering e a Lotus é representada pela Engine Developments, que tem John Judd como principal engenheiro. Tanto Judd como a Ilmor já fizeram motores até para a Formula 1.
A rotação máxima do motor permitida é de 12 mil giros e o consumo estimado é de aproximadamente 0,78 km/l – ou seja, economia não é um ponto forte do DW 12. Mas estes números acabam se justificando na potência desenvolvida, que fica entre 550 e 700 cv. Esta variação, segundo a categoria, permite ajustes e opções de mapeamento eletrônico para adequar melhor o carro aos diversos tipos de circuitos nos quais a Indy promove suas etapas, de mistos a ovais. O torque máximo estipulado é de aproximadamente 406 Nm.
Com relação à transmissão, o câmbio, que antes era mecânico, agora é sequencial, com mudanças feitas por meio de borboletas atrás do volante, algo inédito na categoria. Outra mudança técnica igualmente significativa é a adoção de freios com discos de carbono em substituição os discos de aço, o que muda drasticamente as condições de pilotagem em circuitos mistos e de rua.
Com equipes e pilotos tão familiarizados com o carro anterior, a chegada do DW 12 representa um desafio enorme. Apesar dos vários testes e de três provas em circuitos mistos e de rua, ninguém parece ainda ter chegado ao limite do que o carro pode oferecer. Justin Wilson (equipe Dale Coyne), num primeiro momento, disse que nunca havia pilotado nada igual. Já Ryan Hunter-Reay (Andretti) destacou que o carro é mais ágil e mais rápido, mas não pareceu ser o maior simpatizante dos freios de carbono, que aumentam muito a capacidade de frenagem do carro. “Eu quero que a frenagem seja mais difícil”, afirma.
Companheiro de equipe de Dixon, o tetracampeão Dario Franchitti avalia que decifrar o acerto do modelo será especialmente difícil nos ovais. "Quando formos acertar o carro para Indianapolis, vai ser um mundo novo para nós”, pondera Franchitti à revista americana Road & Track, dando o exemplo de que a equipe conhecia o carro tão bem que o acerto do ano anterior continuava sendo o ideal para o ano seguinte. “Esta vai ser uma grande viagem no desconhecido", prevê.
Helio comemorando sua vitória em St. Petersburg
na abertura do campeonato
ChassiNome: Dallara DW12
Comprimento: 5012,3 mm
Largura: 2011 mm
Altura: 1127,9 mm
Entre-eixos: 2997,2 mm ou 3073,4 mm, dependendo da correção de posicionamento da suspensão dianteira.
Peso mínimo: 710 kg
Distribuição de peso: 43% dianteira/57% traseira (aprox.)
Capacidade do tanque: 70 litros (aprox.)
MotoresNomes: Chevy IndyCar V6 (Chevrolet), HI12R (Honda), DC00 (Lotus)
Tipos: turbinados ou biturbinados, ciclo Otto, quarto válvulas por cilindro
Deslocamento: 2200 cm³
Cilindros: máximo de 6
Ângulo dos cilindros: mínimo de 60°, máximo de 90º
Diâmetro dos cilindros: máximo de 95 mm
Árvores de comando de válvulas: máximo de quatro
Virabrequim: Único, com distãncia mínima de 100 mm do solo
Valves: duas de admissão, duas de exaustão (acionadas mecanicamente, sem controle variável de válvulas)
Rotações: máximo de 12,000 rpm
Pressão do Turbo: 22.47 psi (aprox. 1,5 kg)
Válvulas Wastegate: máximo de duas, acionamento eletrônico ou pneumático
Ignição: por bobina, uma vela por cilindro
Injeção: direta, máximo de dois injetores por cilindro
Unidade de Comando: McLaren 400i
Peso mínimo: 112.5 kgs
Comprimento: 460 mm
Porência: de 550 a 700 cv (declarada)
Torque: 406 Nm (aprox.)
Push-to-Pass: Proibido. Futuramente é possível que seja adotado o uso de boosts de 100 cv (circuitos mistos) e 50 cv (oval)
Pressão de combustível: máximo de 300 bar
Combustível: E85 Ethanol
Consumo de combustível: 3 milhas por galão (0,78 km/litro aprox.)
Acelerador: sistema drive-by-wire
TransmissãoTipo: Sequencial
Fabricante: Xtrac
Número de modelo: 1011
Número de marchas: 6
Acionamento das marchas: borboletas atrás do volante (shift paddles)
Embreagem: fabricada pela AP Racing, disco triplo de carbono e miolo de aço
SuspensãoDianteira: Duplo braço em “A”, tipo pushrod, com barra anti-roll
Traseira: Duplo braço em “A”, tipo pushrod, com barra anti-roll
AerodinâmicaDownforce: 4600 pounds a 320 km/h (aprox.)
Arrasto: 1500 pounds a 320 km/h (aprox.)
FreiosConjunto: discos e pastilhas de carbono e pinças em monobloco de alumínio
Fornecedor: Brembo
Pinças: com seis pistões, de 28/30/36 mm
Peso da pinça: 2,08 kg
Diâmetro dos discos: 328 mm
Espessura dos discos: 30 mm (Espessura minima: 19 mm)
Espessura das pastilhas: 24 mm
Peso das pastilhas: 270 g
Temperatura maxima de trabalho: 900°C
Rodas e pneusFornecedores de rodas: BBS, OZ, Avus
Front Dimensions: 10” de tala, 15” de aro
Rear Dimensions: 14” de tala, 15” de aro
Torque da porca: 430 lbs
Tipo de pneu: Slick
Fornecedor de pneus: Firestone
Especificação dos pneus dianteiros: 10.0/25.8R15 (circuitos mistos)
Especificação dos pneus traseiros: 14.5/28.0R15 (circuitos mistos)
Divisão dos pneus: 9 sets por final de semana para cada carro, sendo 5 sets de pneus mais duros, 3 sets de moles e 1 set de pneus mais duros usados
**Fonte: http://www.omecanico.com.br
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