A carbonização está presente em praticamente todos os motores modernos, seja ele movido à gasolina, álcool ou diesel. É isso mesmo, para quem achava que apenas os motores a gasolina estavam reféns deste problema se engana, pois estudos recentes apontam para a mesma necessidade de limpeza interna independente da composição química do combustível, já que problemas no sistema de lubrificação também podem ocasionar este tipo de dano.
Para ficar mais fácil de entender como que a carbonização pode se manifestar vejamos o exemplo do gás de cozinha quando está acabando. A coloração da chama modifica-se do tom azul para amarelada, e assim o fundo da panela fica escuro pela formação de uma fina camada de pó preto. Esta mancha escura nada mais é que resíduo de carbono que compõe o gás que não foi totalmente queimado, acumulando no fundo da panela. E é exatamente isto que ocorre no motor, de maneira semelhante.
Quando a queima do combustível não é completa, parte do carbono não queimado se acumula nas válvulas, pistões e câmaras do motor. Daí surge a tal da carbonização.
Fatores como a qualidade do combustível ou deficiências do sistema de ignição, como velas gastas, influenciam na carbonização do motor. Mas o principal responsável pela formação da carbonização é a maneira de dirigir. Uma simples troca de marchas no momento errado irá prejudicar a queima do combustível, gerando resíduos que se acumulam no interior do motor.
Apesar de serem conhecidas há muito tempo pelos reparadores, a incidência de borra de óleo e carbonização interna nos motores dos veículos que rodam no Brasil tem crescido muito nos últimos 10 anos. Sua ocorrência é maior nos motores mais modernos, que exigem mais atenção na manutenção. Os resultados de sua ocorrência são drásticos e podem significar sérios prejuízos ao dono do carro.
A carbonização é a formação de depósitos escuros, porém, em vez de serem pastosos, como ocorre na borra, esses são secos e muito duros, difíceis até mesmo para serem removidos. Ela aparece principalmente na câmara de combustão e na região do cabeçote, sendo uma capa dura e muito aderente, composta pela recombinação das moléculas de combustível e óleo lubrificante, que se forma na cabeça do pistão, canaletas dos anéis, válvulas, haste de válvulas, câmara de combustão e, em casos mais graves, chega a comprometer todo o funcionamento do cabeçote.
A borra no motor de um automóvel ocorre quando as moléculas do lubrificante são divididas e se recombinam. Isso acontece devido a dois fatores principais: incidência de água no cárter ou a presença de solventes no combustível. O aparecimento de água no cárter não significa que haja algum vazamento interno, pois atualmente os motores trabalham em temperaturas mais altas aquecendo o ar que circula dentro deles. Quando desligamos o veículo por longos períodos, o ar aquecido se condensa formando gotículas de água, assim como a mistura ar-combustível dentro do cilindro. Mais tarde esta condensação acaba por chegar ao óleo que está no cárter.
Quando o motor volta a trabalhar, os líquidos que estão depositados junto ao óleo lubrificante e são bombeados por meio da tubulação de óleo. Assim a presença de solventes separa as moléculas do lubrificante e as recombina com as moléculas do solvente mais as de água. Além disso, os motores atuais trabalham com folgas menores, e o óleo trabalha com pressões mais altas, fazendo com que todos os líquidos que estejam no cárter sejam misturados de forma homogênea, criando a maléfica borra. A causa pode estar também no uso de lubrificantes fora da especificação de fábrica e na extensão do período de troca do lubrificante.
O óleo do motor também poderá ter a presença de carbonização, causada pela borra em um estágio mais avançado.
Um ponto que devemos levar em consideração é a evolução das adulterações feitas nos combustíveis. Atualmente as adulterações são tão ‘bem realizadas’ que o motorista roda muito tempo e não percebe os problemas que podem acontecer no motor, ao contrário do que acontecia há alguns ano.
Quando fazer a descarbonização ou limpeza química
É a limpeza do motor relacionada às peças que estão em contato direto com a combustão interna, feita com um produto químico específico. Peças como pistões, câmaras de combustão, válvulas e até mesmo dutos de admissão estão sujeitos à carbonização, que é a formação de depósitos de carbono, resultado de uma combustão incompleta.
Com relação a limpeza de motores com o auxílio de produtos químicos específicos, o procedimento pode ser adotado desde que o nível de formação de borra e carvão não seja muito grande e que o mecânico envolvido seja experiente no processo. Em último caso é recomendado a desmontagem do motor para a limpeza mecânica, assim como a troca dos componentes se necessário.
É aconselhável fazer somente quando os depósitos de carbono comprometer o funcionamento do motor. O principal sintoma é a falha na vedação nas válvulas, o que reduz o desempenho e aumenta o consumo. Em casos extremos pode levar à pré-detonação (batida de pino), que poderá até mesmo furar o topo do pistão.
Em caso de borra, o que deve ser observado antes de ser feito o flushing?
Tudo depende da quantidade e consistência da borra. Para se ter uma idéia da quantidade que há formada dentro do motor, observe a tampa do óleo e a maneira como o óleo sai pelo bujão na hora da drenagem.
Lembre-se que o problema está no nível de formação da borra. Por este motivo as montadoras recomendam a desmontagem e limpeza externa da tampa de válvulas, carter, válvulas e tubulação de recirculação de gases (PCV). Caso não seja suficiente, a limpeza das galerias do bloco também deverá constar no orçamento, o que pode levar a uma total desmontagem do motor, com um alto custo para o proprietário. Muitos reparadores realizam este tipo de operação com óleo diesel, querosene e até com fluido de freio. Oficialmente não é aconselhável a utilização destes produtos, devido o contato interno com retentores e gaxetas feitos em borracha sintética, que poderão ficar ressecados e apresentar problemas.
Quais os tipos de descarbonização podem ser feitos?
Flushing preventivo é a limpeza do sistema de lubrificação do motor para impedir ou eliminar a borra, que é o acúmulo de resíduos de óleo oxidado. O flush é um aditivo com alta concentração de detergentes que agem com o motor funcionando minutos antes da troca do óleo. Se o produto utilizado possuir a química correta, ele será eficaz na limpeza interna do motor.
Especial motores Flex
O motor flex é mais crítico que os motores convencionais, justamente porque o seu lubrificante está mais sujeito a contaminações internas (borras), que podem diminuir a durabilidade das peças móveis, além de prejudicar o desempenho.
Os motores movidos a etanol possuem características próprias, e por isso precisam de proteção especializada. O biocombustível tem maior afinidade com a água e menor capacidade de mistura com o lubrificante, contato que muitas vezes ocorre na operação de ligar e desligar o veículo.
Quando esses três componentes se encontram no motor, o etanol tende a aglutinar à água e formar a borra branca, fenômeno muito comum especificamente em veículos que rodem com o biocombustível, além de aumentar a oxidação devido ao acúmulo de água. A borra branca pode diminuir a eficiência do motor e impedir a chegada do óleo às superfícies que necessitam de lubrificação.
**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br
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