O primeiro Hyundai a ser avaliado por reparadores no Jornal Oficina Brasil, foi o Tucson GLS V6 da foto. “O proprietário do carro automático não efetuou a manutenção preventiva e a troca de óleo não foi realizada dentro do prazo. Limalhas do motor provocaram entupimento das galerias de lubrificação, o que fundiu o motor e obrigou uma retífica precoce. Assim, o veículo retornou à Sady Motores, responsável pelo serviço, para uma revisão periódica pós-retífica. Nesta revisão, foram feitas a troca de óleo, filtros e conferência quanto a possíveis vazamentos nas juntas”, explicou Cesar Alves, proprietário da oficina.
Opinião do reparador
As falhas mais comuns deste veículo, segundo os reparadores ouvidos
nesta matéria, estão voltadas à imprecisão de engate no câmbio manual,
geralmente causado pelo desgaste das buchas que fixam o acionamento e
ruídos na suspensão.“Isso ocorre também em veículos na garantia com
baixa quilometragem. Há barulhos nas trocas de marchas (em casos de
veículos equipados com câmbio automático), além de folgas no conjunto de
direção”, afirma Paulo Pedro Aguiar Jr., da oficina Engin. “Já foi
preciso, em algumas oportunidades, substituir o batente superior e o
amortecedor do veículo. Assim, esta característica demonstra que esta
suspensão provavelmente não foi bem dimensionada para as nossas vias
repletas de imperfeições, característica essa que não deveríamos esperar
de um SUV”, completa o reparador. (foto 2)
Este é o mesmo comentário realizado pelo Chefe de Oficina da Planet
Motors, em São Paulo, Wellington Oswaldo de Oliveira. “Já notei baixa
durabilidade dos batentes de suspensão e dos amortecedores. Acredito que
há, nesse caso, mau dimensionamento para as nossas vias”, afirma
Wellington.
Ainda falando de suspensão, o engenheiro Paulo Pedro de
Aguiar Jr., ressaltou que na traseira também há barulhos. Nela, há um
pequeno braço com duas buchas, onde o veículo, com aproximadamente
40.000km, começa a apresentar ruídos. “A grande dificuldade é que a
Hyundai só vende o braço completo na rede de concessionárias e não há este item ainda no mercado de reposição”, ressalta Paulo.
A caixa de direção costuma apresentar folgas, onde também começam a
gerar barulho. Na maioria das vezes, segundo Paulo, a falha se relaciona
à cremalheira. Também, em alguns casos, realizou manutenção no item
devido à vazamento de lubrificante desta, mas, aparentemente, essa
fragilidade foi corrigida nos últimos modelos fabricados.
O filtro de combustível localiza-se dentro do tanque onde integra-se à
estrutura de fixação da bomba de combustível. O acesso ao conjunto
bomba/filtro fica embaixo do banco traseiro, como na maioria dos
veículos.
Segundo o reparador Roberto Passos de Almeida Jr., da Auto Mecânica
Scopino, a Hyundai Tucson é um veículo que apresenta baixa rotatividade
nas oficinas. “Na oficina, só chegaram duas Tucsons para revisões
básicas como troca de filtros, óleo e análise de gases. Falta, por parte
da montadora, informações técnicas”, informou o reparador.
Em contato com mais reparadores, os mesmos também confirmaram as
reclamações sobre a direção e suspensão do veículo, o que evidencia que
realmente os componentes possuem fragilidades e devem ser aprimorados
pela fabricante.
Outra situação que dificulta o reparo da Tucson é que ainda
não há informações técnicas disponíveis. Na grande maioria dos casos,
os reparadores têm que utilizar o conhecimento adquirido com a profissão para realizar os reparos no veículo.
Módulo
A injeção de combustível é do tipo multiponto e sequencial,
gerenciada pelo módulo Siemens-VDO. Segundo o consultor técnico André
Bernardo, da oficina Design
Auto Mecânica, desde o primeiro modelo comercializado, em 2005, nenhuma
Tucson foi vista em oficinas com falhas no sistema de injeção de
combustível, ou seja, o sistema é confiável e durável. (foto 3)
Lubrificação
Deve-se respeitar a classificação do óleo de motor estipulado pela
Hyundai. A utilização do óleo lubrificante incorreto pode causar o
desgaste prematuro dos anéis do cilindro, guias de válvulas e mancais.
Recomenda-se a utilização do lubrificante de especificação 5W-30 para
ambos os motores. Utiliza-se quatro litros de óleo no sistema de
lubrificação nos motores 2.0 e 4,5 litros nos motores 2.7 V6, incluindo o
filtro.
Para a transmissão manual, a especificação do lubrificante é do tipo 75W-90, na automática o ATF MD3.
O sistema de freios e acionamento de embreagem utilizam o fluido com
especificação DOT 4 e, em caso de troca da embreagem ou manutenção no
sistema de freio que necessite sangria, deve-se fazê-la em máquina
própria, pois, da maneira convencional, poderá ocorrer de nem todo o ar
seja expelido, causando trepidação do pedal de embreagem e de freio,
gerando uma condução insegura do veículo.
Inspeção Veicular
O reparador Roberto Passos de Almeida Jr., da Auto Mecânica Scopino,
informou que no inicio do programa de inspeção, alguns destes modelos
apresentavam reprovação na medição de marcha lenta, tanto na emissão de
CO2 quanto na emissão de HC. O que ocorria é que até o ano de 2010 do
programa, após a medição de gases a 2500rpm, iniciava-se a medição na
marcha lenta por mais 30 segundos. Ao término desta contagem, caso o
veículo não apresentasse os índices dentro do especificado, o mesmo era
reprovado. No Tucson não era diferente. Após a medição a 2500rpm, ao
iniciar a medição em marcha lenta, os índices de HC e CO2 subiam e não
se estabilizavam abaixo do índice, reprovando o veículo.
Hoje, a Portaria 6 de 2012 do SVMA estabelece que, caso após os 30
segundos de medição os valores de HC e CO2 corrigidos não atenderem os
limites estabelecidos e não apresentando qualquer outra falha
identificada na inspeção visual, a medição na marcha lenta se estenderá
por mais 30 segundos.
Durante esse período, sucessivas análises são realizadas e, a partir
do momento em que os valores obedecerem aos padrões estabelecidos, o
veículo será aprovado. Assim, o Tucson como outros veículos,acabaram
sendo beneficiados com a alteração na Portaria. (foto 4)
Como em outros veículos, recomenda-se sempre verificar quais as
condições das velas, filtros e tipo de combustível utilizado para que
não haja surpresas nas medições da Inspeção Veicular Ambiental. (foto
4A)
Direção Hidráulica
O especialista em direção hidráulica, Dillen Yukio, da HandorTec, de São Paulo, explica os principais problemas neste conjunto.
“As ocorrências de falhas neste veículo com relação a defeitos no
conjunto de direção hidráulica, são os mesmos comuns aos outros
veículos. Em comparação a modelos importados, que geralmente apresentam
vida útil prolongada, podemos citar como principais defeitos o barulho
na caixa e vazamentos, além de folgas. A reclamação de proprietários
associando a folga da caixa ao barulho nem sempre é válida, geralmente
esse barulho provém da suspensão do lado direito. Assim, corrigindo a
folga na caixa, o cliente costuma reclamar do barulho”, informa Dillen.
Ele ainda ressalta que, apesar as recorrentes reclamações, até mesmo
daqueles que estão “dentro da garantia”, aparentemente a falha não foi
corrigida pela Hyundai. “Este ano fizemos a manutenção de dois veículos e
ambos apresentavam vazamentos nos retentores. Em geral, não conseguimos
identificar em qual dos retentores ocorre o vazamento, pois, como as
coifas enchem de óleo, não conseguimos identificar se ocorre do lado
direito ou do lado esquerdo e como a cremalheira é vazada para respiro
de ar permitindo o trânsito de óleo entre os lados, não podemos ter essa
certeza. Assim, recomenda-se a troca de todos retentores em caso de
reparo na caixa. Esse vazamento ocorre por desgaste natural da caixa,
porque a caixa não apresenta oxidação alguma.
Normalmente carros nacionais com peças argentinas, principalmente
linha de veículos franceses como Scenic, Clio e etc., costumam
apresentar oxidação na cremalheira, mas na Tucson isso não costuma
ocorrer. A menor quilometragem em que foi necessário esse tipo de
manutenção foi em um Tucson com 40000km rodados”, comentou Dillen Yukio.
Ainda afirmou que a presença de alguns veículos no período de
garantia em sua oficina deve-se ao fato de que algumas manutenções, por
parte das concessionárias possuem o custo elevado e, assim, o
proprietário acaba levando o veículo na reparação independente.
Dillen ainda acrescentou com relação às características construtivas
do componente: “O sistema de direção hidráulica da Tucson é do tipo
convencional, não possui sensores, relés, ou eletro-assistência,
facilitando a manutenção da mesma. Essa caixa é fabricada pela MANDO,
marca Coreana que também equipa o Kia Sportage”, finaliza o reparador.
Ar condicionado
O Hyundai Tucson tem um ar condicionado eficiente equipado com um
compressor Doowon 10P15 de deslocamento FIXO de dez cilindros (com dois
tipos de furação). Na reposição encontramos também o compressor HS15
Halla. Ambos compressores possuem embreagem eletromagnética e 150 cm³, o
qual utiliza o fluido refrigerante R134a (cerca de 500g) e óleo PAG 46
(cerca de 180 ml)”, afirma Ishi. (foto 5 e 5A)
Com relação à manutenção, os maiores problemas estão relacionados aos
vazamentos e ruídos no compressor. Para reparos, é recomendado tirar o
compressor por baixo do carro. (foto 6)
Também não devemos esquecer que ao trocar o compressor, a
recomendação é limpar a tubulação (FLUSH) e trocar o filtro secador. As
válvulas de serviço são de fácil acesso, ao lado do reservatório de óleo
da direção hidráulica. (foto 7).
O eletroventilador fica posicionado na parte de trás do radiador de
água, mas para acessar o condensador é necessário retirar o parachoques.
(foto 8)
O filtro secador fica posicionado na saída do condensador.(foto 9)
O sensor de temperatura de anti-congelamento fica posicionado na
lateral da caixa evaporadora, abaixo do porta-luvas. Eventualmente, este
sensor pode apresentar problemas, causando congelamento do evaporador
em viagens. Também vale ressaltar que algum plug mal encaixado no
“chicote” pode causar falhas no funcionamento do sistema de ar
condicionado, e esta deve sempre ser a primeira atitude no diagnóstico
de uma falha. (foto 10)
O monitoramento da pressão do fluido refrigerante é feito por um pressostato de quatro pinos, na linha de alta. (foto 11)
O acesso ao filtro antipólen fica atrás do porta-luvas e é necessário
tomar cuidado com o cabo limitador da tampa do porta-luvas no lado
direito da mesma para não danificá-lo na manutenção. Sua troca é
recomendada de 6 em 6 meses, dependendo da utilização do veículo. (foto
12)
A válvula de expansão, de fácil acesso, não é um item preocupante na
reparação, até então, pois não costuma apresentar problemas. (foto 13)
As peças ainda não são encontradas com muita facilidade nas
distribuidoras e geralmente devem ser encomendadas nas concessionárias.
O custo das peças de reposição interfere muito nos prazos de uma
oficina, pois a grande maioria é original. Além de mais caras do que o
normal, ainda é preciso contar com a disponibilidade quase rara destes
itens em estoque.
Esta espera costuma não ficar inferior a três ou quatro dias.
Mercado de Peças
Como vimos, Tucson é um carro cada vez mais presente na oficina independente e, para nossa surpresa, muitos deles em garantia.
Tal realidade comprova a preferência do proprietário em relação aos
serviços na oficina independente. Porém, a presença do modelo na oficina
independente gera muitos problemas para o reparador no quesito peças e
informação técnica. Acompanhe os depoimentos abaixo:
O proprietário do Auto Elétrico Kaneko, Hiromi Kaneko Junior,
deparou-se com essa situação em sua oficina. “Já recebi algumas Tucson
com três ou quatro anos de uso, todas em garantia. Não encontro as peças
em outro lugar que não seja a concessionária e o custo delas é bem
elevado. Tive um caso de um cliente que trouxe o veículo para realizar a
manutenção em minha oficina porque o custo da revisão desta com quatro
anos de uso é um absurdo e na oficina sai mais em conta”, comentou
Hiromi.
O reparador Andre Lazaro Batista, da Itamec Oficina Mecanica, relatou
ainda a como consegue adquirir peças. “Só encontramos os itens através
de importação ou na concessionária. A bobina de ignição custa por volta
de R$ 200,00 e o compressor do ar condicionado não sai por menos de R$
800,00. O motor de partida também tem o custo médio de R$ 800,00.
Nacionalmente encontramos o jogo de velas do Hyundai Tucson 2.0 16V, no
valor de R$ 10,50 cada. A Hyundai mantém as portas fechadas para as
informações técnicas”.
**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br/
**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário