quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Avaliação: Hyundai Tucson


O primeiro Hyundai a ser avaliado por reparadores no Jornal Oficina Brasil, foi o Tucson GLS V6 da foto. “O proprietário do carro automático não efetuou a manutenção preventiva e a troca de óleo não foi realizada dentro do prazo. Limalhas do motor provocaram entupimento das galerias de lubrificação, o que fundiu o motor e obrigou uma retífica precoce. Assim, o veículo retornou à Sady Motores, responsável pelo serviço, para uma revisão periódica pós-retífica. Nesta revisão, foram feitas a troca de óleo, filtros e conferência quanto a possíveis vazamentos nas juntas”, explicou Cesar Alves, proprietário da oficina.
Opinião do reparador
As falhas mais comuns deste veículo, segundo os reparadores ouvidos nesta matéria, estão voltadas à imprecisão de engate no câmbio manual, geralmente causado pelo desgaste das buchas que fixam o acionamento e ruídos na suspensão.“Isso ocorre também em veículos na garantia com baixa quilometragem. Há barulhos nas trocas de marchas (em casos de veículos equipados com câmbio automático), além de folgas no conjunto de direção”, afirma Paulo Pedro Aguiar Jr., da oficina Engin. “Já foi preciso, em algumas oportunidades, substituir o batente superior e o amortecedor do veículo. Assim, esta característica demonstra que esta suspensão provavelmente não foi bem dimensionada para as nossas vias repletas de imperfeições, característica essa que não deveríamos esperar de um SUV”, completa o reparador. (foto 2)
Este é o mesmo comentário realizado pelo Chefe de Oficina da Planet Motors, em São Paulo, Wellington Oswaldo de Oliveira. “Já notei baixa durabilidade dos batentes de suspensão e dos amortecedores. Acredito que há, nesse caso, mau dimensionamento para as nossas vias”, afirma Wellington.
Ainda falando de suspensão, o engenheiro Paulo Pedro de Aguiar Jr., ressaltou que na traseira também há barulhos. Nela, há um pequeno braço com duas buchas, onde o veículo, com aproximadamente 40.000km, começa a apresentar ruídos. “A grande dificuldade é que a Hyundai só vende o braço completo na rede de concessionárias e não há este item ainda no mercado de reposição”, ressalta Paulo.
A caixa de direção costuma apresentar folgas, onde também começam a gerar barulho. Na maioria das vezes, segundo Paulo, a falha se relaciona à cremalheira. Também, em alguns casos, realizou manutenção no item devido à vazamento de lubrificante desta, mas, aparentemente, essa fragilidade foi corrigida nos últimos modelos fabricados.
O filtro de combustível localiza-se dentro do tanque onde integra-se à estrutura de fixação da bomba de combustível. O acesso ao conjunto bomba/filtro fica embaixo do banco traseiro, como na maioria dos veículos.
Segundo o reparador Roberto Passos de Almeida Jr., da Auto Mecânica Scopino, a Hyundai Tucson é um veículo que apresenta baixa rotatividade nas oficinas. “Na oficina, só chegaram duas Tucsons para revisões básicas como troca de filtros, óleo e análise de gases. Falta, por parte da montadora, informações técnicas”, informou o reparador.
Em contato com mais reparadores, os mesmos também confirmaram as reclamações sobre a direção e suspensão do veículo, o que evidencia que realmente os componentes possuem fragilidades e devem ser aprimorados pela fabricante.
Outra situação que dificulta o reparo da Tucson é que ainda não há informações técnicas disponíveis. Na grande maioria dos casos, os reparadores têm que utilizar o conhecimento adquirido com a profissão para realizar os reparos no veículo.

Módulo
A injeção de combustível é do tipo multiponto e sequencial, gerenciada pelo módulo Siemens-VDO. Segundo o consultor técnico André Bernardo, da oficina Design Auto Mecânica, desde o primeiro modelo comercializado, em 2005, nenhuma Tucson foi vista em oficinas com falhas no sistema de injeção de combustível, ou seja, o sistema é confiável e durável. (foto 3)

Lubrificação
Deve-se respeitar a classificação do óleo de motor estipulado pela Hyundai. A utilização do óleo lubrificante incorreto pode causar o desgaste prematuro dos anéis do cilindro, guias de válvulas e mancais.
Recomenda-se a utilização do lubrificante de especificação 5W-30 para ambos os motores. Utiliza-se quatro litros de óleo no sistema de lubrificação nos motores 2.0 e 4,5 litros nos motores 2.7 V6, incluindo o filtro.
Para a transmissão manual, a especificação do lubrificante é do tipo 75W-90, na automática o ATF MD3.
O sistema de freios e acionamento de embreagem utilizam o fluido com especificação DOT 4 e, em caso de troca da embreagem ou manutenção no sistema de freio que necessite sangria, deve-se fazê-la em máquina própria, pois, da maneira convencional, poderá ocorrer de nem todo o ar seja expelido, causando trepidação do pedal de embreagem e de freio, gerando uma condução insegura do veículo.

Inspeção Veicular
O reparador Roberto Passos de Almeida Jr., da Auto Mecânica Scopino, informou que no inicio do programa de inspeção, alguns destes modelos apresentavam reprovação na medição de marcha lenta, tanto na emissão de CO2 quanto na emissão de HC. O que ocorria é que até o ano de 2010 do programa, após a medição de gases a 2500rpm, iniciava-se a medição na marcha lenta por mais 30 segundos. Ao término desta contagem, caso o veículo não apresentasse os índices dentro do especificado, o mesmo era reprovado. No Tucson não era diferente. Após a medição a 2500rpm, ao iniciar a medição em marcha lenta, os índices de HC e CO2 subiam e não se estabilizavam abaixo do índice, reprovando o veículo.
Hoje, a Portaria 6 de 2012 do SVMA estabelece que, caso após os 30 segundos de medição os valores de HC e CO2 corrigidos não atenderem os limites estabelecidos e não apresentando qualquer outra falha identificada na inspeção visual, a medição na marcha lenta se estenderá por mais 30 segundos.
Durante esse período, sucessivas análises são realizadas e, a partir do momento em que os valores obedecerem aos padrões estabelecidos, o veículo será aprovado. Assim, o Tucson como outros veículos,acabaram sendo beneficiados com a alteração na Portaria. (foto 4)
Como em outros veículos, recomenda-se sempre verificar quais as condições das velas, filtros e tipo de combustível utilizado para que não haja surpresas nas medições da Inspeção Veicular Ambiental. (foto 4A)

Direção Hidráulica
O especialista em direção hidráulica, Dillen Yukio, da HandorTec, de São Paulo, explica os principais problemas neste conjunto.
“As ocorrências de falhas neste veículo com relação a defeitos no conjunto de direção hidráulica, são os mesmos comuns aos outros veículos. Em comparação a modelos importados, que geralmente apresentam vida útil prolongada, podemos citar como principais defeitos o barulho na caixa e vazamentos, além de folgas. A reclamação de proprietários associando a folga da caixa ao barulho nem sempre é válida, geralmente esse barulho provém da suspensão do lado direito. Assim, corrigindo a folga na caixa, o cliente costuma reclamar do barulho”, informa Dillen.
Ele ainda ressalta que, apesar as recorrentes reclamações, até mesmo daqueles que estão “dentro da garantia”, aparentemente a falha não foi corrigida pela Hyundai. “Este ano fizemos a manutenção de dois veículos e ambos apresentavam vazamentos nos retentores. Em geral, não conseguimos identificar em qual dos retentores ocorre o vazamento, pois, como as coifas enchem de óleo, não conseguimos identificar se ocorre do lado direito ou do lado esquerdo e como a cremalheira é vazada para respiro de ar permitindo o trânsito de óleo entre os lados, não podemos ter essa certeza. Assim, recomenda-se a troca de todos retentores em caso de reparo na caixa. Esse vazamento ocorre por desgaste natural da caixa, porque a caixa não apresenta oxidação alguma.
Normalmente carros nacionais com peças argentinas, principalmente linha de veículos franceses como Scenic, Clio e etc., costumam apresentar oxidação na cremalheira, mas na Tucson isso não costuma ocorrer. A menor quilometragem em que foi necessário esse tipo de manutenção foi em um Tucson com 40000km rodados”, comentou Dillen Yukio.
Ainda afirmou que a presença de alguns veículos no período de garantia em sua oficina deve-se ao fato de que algumas manutenções, por parte das concessionárias possuem o custo elevado e, assim, o proprietário acaba levando o veículo na reparação independente.
Dillen ainda acrescentou com relação às características construtivas do componente: “O sistema de direção hidráulica da Tucson é do tipo convencional, não possui sensores, relés, ou eletro-assistência, facilitando a manutenção da mesma. Essa caixa é fabricada pela MANDO, marca Coreana que também equipa o Kia Sportage”, finaliza o reparador.

Ar condicionado
O Hyundai Tucson tem um ar condicionado eficiente equipado com um compressor Doowon 10P15 de deslocamento FIXO de dez cilindros (com dois tipos de furação). Na reposição encontramos também o compressor HS15 Halla. Ambos compressores possuem embreagem eletromagnética e 150 cm³, o qual utiliza o fluido refrigerante R134a (cerca de 500g) e óleo PAG 46 (cerca de 180 ml)”, afirma Ishi. (foto 5 e 5A)
Com relação à manutenção, os maiores problemas estão relacionados aos vazamentos e ruídos no compressor. Para reparos, é recomendado tirar o compressor por baixo do carro. (foto 6)
Também não devemos esquecer que ao trocar o compressor, a recomendação é limpar a tubulação (FLUSH) e trocar o filtro secador. As válvulas de serviço são de fácil acesso, ao lado do reservatório de óleo da direção hidráulica. (foto 7).
O eletroventilador fica posicionado na parte de trás do radiador de água, mas para acessar o condensador é necessário retirar o parachoques. (foto 8)
O filtro secador fica posicionado na saída do condensador.(foto 9)
O sensor de temperatura de anti-congelamento fica posicionado na lateral da caixa evaporadora, abaixo do porta-luvas. Eventualmente, este sensor pode apresentar problemas, causando congelamento do evaporador em viagens. Também vale ressaltar que algum plug mal encaixado no “chicote” pode causar falhas no funcionamento do sistema de ar condicionado, e esta deve sempre ser a primeira atitude no diagnóstico de uma falha. (foto 10)
O monitoramento da pressão do fluido refrigerante é feito por um pressostato de quatro pinos, na linha de alta. (foto 11)
O acesso ao filtro antipólen fica atrás do porta-luvas e é necessário tomar cuidado com o cabo limitador da tampa do porta-luvas no lado direito da mesma para não danificá-lo na manutenção. Sua troca é recomendada de 6 em 6 meses, dependendo da utilização do veículo. (foto 12)
A válvula de expansão, de fácil acesso, não é um item preocupante na reparação, até então, pois não costuma apresentar problemas. (foto 13)
As peças ainda não são encontradas com muita facilidade nas distribuidoras e geralmente devem ser encomendadas nas concessionárias.
O custo das peças de reposição interfere muito nos prazos de uma oficina, pois a grande maioria é original. Além de mais caras do que o normal,  ainda é preciso contar com a disponibilidade quase rara destes itens em estoque.
Esta espera costuma não ficar inferior a três ou quatro dias.

Mercado de Peças
Como vimos, Tucson é um carro cada vez mais presente na oficina independente e, para nossa surpresa, muitos deles em garantia.
Tal realidade comprova a preferência do proprietário em relação aos serviços na oficina independente. Porém, a presença do modelo na oficina independente gera muitos problemas para o reparador no quesito peças e informação técnica. Acompanhe os depoimentos abaixo:
O proprietário do Auto Elétrico Kaneko, Hiromi Kaneko Junior, deparou-se com essa situação em sua oficina. “Já recebi algumas Tucson com três ou quatro anos de uso, todas em garantia. Não encontro as peças em outro lugar que não seja a concessionária e o custo delas é bem elevado. Tive um caso de um cliente que trouxe o veículo para realizar a manutenção em minha oficina porque o custo da revisão desta com quatro anos de uso é um absurdo e na oficina sai mais em conta”, comentou Hiromi.
O reparador Andre Lazaro Batista, da Itamec Oficina Mecanica, relatou ainda a como consegue adquirir peças. “Só encontramos os itens através de importação ou na concessionária. A bobina de ignição custa por volta de R$ 200,00 e o compressor do ar condicionado não sai por menos de R$ 800,00. O motor de partida também tem o custo médio de R$ 800,00. Nacionalmente encontramos o jogo de velas do Hyundai Tucson 2.0 16V, no valor de R$ 10,50 cada. A Hyundai mantém as portas fechadas para as informações técnicas”.

**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br/




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