terça-feira, 24 de julho de 2012

Limpeza de Injetores: Fazer ou não fazer? A polêmica continua!



Apresentamos o resultado da enquete sugerida na matéria da edição de Março, onde solicitamos aos leitores que dessem sua opinião pelo site, sobre este polêmico assunto.  Surpreendentes 718 respostas em um período de duas semanas constataram que 546 praticam essa modalidade em sua oficina, contra 172 que afirmaram não praticarem.
Uma completa reportagem do JOB de março tratou do tema de limpeza de bicos onde, na oficina, acompanhamos o procedimento de limpeza de um Fiat Punto e após, o caso foi solucionado. Na ocasião, a matéria lançou no site do Jornal, enquete com o polêmico questionamento: “Você pratica?” com o objetivo de “captar na fonte” a opinião de quem lida com essa realidade diariamente, o reparador independente.
A  grande maioria das respostas apontou a má qualidade do combustível como responsável por diversas falhas nos motores. Selecionamos no site a opinião destes profissionais e apresentamos os pontos de vista pró e contra essa prática:

FAZEM LIMPEZA

“Devido à má qualidade dos combustíveis e a não manutenção preventiva (troca de filtros, óleo e velas)”. Luis Carlos Maroldi - Centro Técnico Automotivo Jaçanã – São Paulo - SP
De uma família de empreendedores, Luis Carlos Maroldi comprou seu primeiro carro usado e, como muitos reparadores, interessou-se pela mecânica mexendo no seu próprio automóvel. “Isso há quase 30 anos atrás. Fiz cursos de freios e elétrica inicialmente, áreas que me interessavam. Fui aprendendo na prática e pedia ajuda a outros mecânicos quando não sabia.
Montei uma loja de peças de motos, mas não me identifiquei e fui trabalhar de empregado em oficinas.

Hoje, tenho a minha oficina. Investi em equipamentos, ferramentas e cursos e me especializei em inspeção veicular”, conta Luis.

Trabalham na oficina ele e dois filhos, Bruno e Junior. Um deles é Tecnólogo em Mecatrônica pela Faculdade Getúlio Vargas. O outro está fazendo Tecnologia da Informação. O filho Bruno, braço direito na oficina, já se decidiu em continuar na empresa, pois percebeu que o que vai dominar a oficina é a informatização.

Luis é a favor da limpeza de bicos injetores. “O principal problema que encontramos nos veículos hoje é causado por combustível adulterado. Quando fazemos os testes, pegamos até 80% de alteração no combustível e isso causa grandes danos no motor e consequentemente, nos bicos. Alguns clientes me procuram querendo fazer a limpeza quando a luz de anomalia da injeção acende.

Procuro explicar que a luz de injeção acesa não indica “bico” e sim, que há algum problema fora do parâmetro de funcionamento do motor que a central do carro detectou. É preciso diagnosticar a causa, por meio de um rastreamento no veículo, leitura com scanner, e ver o que está fora do padrão de fábrica. Pode-se fazer o teste na gasolina e ver se está de acordo”, explica o reparador. Luis também afirma que preventivamente, só indica a limpeza se o carro estiver com muita quilometragem. “Temos diversos casos na oficina em que a limpeza foi a melhor solução, principalmente na linha Corolla. Em um dos casos, o dono do veículo alegou falta de rendimento e o veículo parecia ter sintomas de ignição, mas na verdade era falta de equalização e limpeza de bicos. Tenho um cliente que mora no bairro Sumaré e trabalha no Jaçanã, percorrendo assim uma grande distância diariamente. Quando não restava quase nenhuma alternativa, tirei os bicos e coloquei na máquina.

Resultado: estava tudo errado. Limpei algumas vezes, equalizei e coloquei no carro. No dia seguinte à limpeza, o cliente ligou e brincou: você abriu o motor do meu carro e colocou mais 30 cavalos lá dentro? pois ele nunca andou tão bem quanto agora! Isso por causa de uma simples limpeza de bicos”, ressalta.

“Em outro caso, um Palio com 28.000 km, o cliente afirmou que o carro não pegava e não rendia bem. O veículo era usado muito pouco e ficava bastante tempo parado causando oxidação e carbonização. Após a limpeza de bicos, o carro ficou mais econômico com partida rápida. Hoje trabalhamos muito em cima de diagnóstico, corremos a parte de alimentação, ignição e motor, válvula e o bico é um dos últimos itens a ser checado”, finaliza.

“Sou a favor da limpeza de bicos haja visto que já deparei com uma EcoSport 1.6 Flex com pouca potência. Verifiquei velas, cabo de velas, bobina e o defeito persistia, então resolvi tirar os bicos para averiguação. Colocando na máquina constatei que um deles injetava menos do que os outros. Coloquei-os no ultrassom para limpeza e em seguida, testei novamente e verifiquei que, aquele que injetava menos estava igualado com os demais, provando a eficiência do ultrassom e resolvendo o defeito do carro. Depois disso quando vem algum cliente na minha oficina com o carro falhando cilindro e o mesmo me fala que é coisa simples como uma vela ruim eu digo: Não é tão simples assim pois tem mais de 5 itens que ocasionam a mesma falha e tenho que verificar um a um.”Oficina Luzetti – Paulo Sérgio Luzetti – Guarulhos - SP
Bancário por 18 anos, Paulo Sérgio Luzetti decidiu vender uma casa no litoral e um comércio de outra natureza, e com o capital montar a sua oficina, após ser demitido. “Comprei algumas ferramentas na Rua Florêncio de Abreu, no centro de São Paulo e guardei-as na Saveiro.Parei no banco para pagar um imposto e quando voltei, havia sido furtado. Levaram as ferramentas e o carro. Voltei na Florêncio de Abreu e o vendedor falou: Você de novo aqui?”, brinca o reparador, que não desistiu do seu objetivo. “Fiz alguns cursos para me especializar e conseguir tocar o negócio. Estou desde 2003 com a minha oficina. Em alguns casos, aconselho a limpeza de bicos”, explica Paulo.

Ele conta que certa vez, além do Ford Ecosport citado, ele também atendeu um Corsa. “O bico estava entupido, não injetava e falhava cilindro. Era o bico também e esse eu tive que limpar duas vezes para que ele igualasse com os outros. O certo é fazer a limpeza de bicos entre 15.000 km e 20.000 km, foi o que aprendi no curso de injeção eletrônica no SENAI”, finaliza Paulo Sérgio.

NÃO FAZEM LIMPEZA

“Para meu entendimento, quando temos um veículo com consumo de combustível dentro da média (cliente não reclama de consumo ou falha) e análise de gases conforme especificação das normas de poluição, não se faz necessária a limpeza ou descarbonização dos injetores. Podemos fazer serviços de maior importância para a segurança de nossos clientes ou não cobrar por serviço desnecessário, fidelizando-o ainda mais na oficina”. Igor Giacomet – Auto Mecânica Confiança –Caxias do Sul - RS
Com o apoio do pai, Igor Giacomet decidiu fazer um curso automotivo no SENAI. Aos 16 iniciou como auxiliar em uma concessionária Renault e ficou por 7 anos, até atingir o cargo de chefe de oficina.Com 25 anos, foi gerente de pós-venda de uma concessionária Volkswagen, e hoje, com 28 anos, é proprietário da Mecânica Confiança, que atende aproximadamente 250 veículos por mês e possui 7 colaboradores. Igor conta que o foco da oficina são as marcas Renault, Peugeot e Citroën, isso porque eles se especializaram para atender estas marcas que já conhecem bem, pois para a Confiança, atender todas as montadoras exige gastos com equipamentos e diferentes especializações.

Na opinião de Igor, clientes não afirmam que o carro precisa de limpeza de bicos, apenas afirmam que consome muito e não anda como antes.“Na maioria dos casos atendidos, o problema do cliente é resolvido com substituição de peças eletrônicas como sensores e ignição ou mecânicas como velas, filtros, sincronismo, e bomba de combustível. A limpeza de injetores, fazemos após o teste de equalização apresentar que algum injetor possui diferença em relação aos outros ou tabela de calibração”, enfatiza Igor.

Ele também acredita que vender o serviço de limpeza de bicos é desnecessário. “Podemos vender serviços úteis para a segurança, como palhetas ou uma verificação eletrônica de sinalização que serão visíveis aos olhos do cliente e geram o mesmo lucro com a venda da peça”, informa Igor.

“Caso alguma partícula sólida passe pelo filtro, ou mesmo o surgimento de alguma borra por desprendimentos ou deterioração das mangueiras do sistema de alimentação provocados devido ao contato de solventes dispersos em combustíveis de má qualidade, ou ainda a cabornização das válvulas do cabeçote por falta de troca do óleo ou velas de ignição no tempo correto, podem provocar problemas de entupimento dos bicos. Caso contrário, abastecendo com combustível de boa qualidade, trocando o filtro de combustível no tempo correto, periodicamente fazendo uso de aditivo para gasolina/álcool, não se faz necessário o processo de limpeza dos bicos injetores, haja vista que o fluxo constante do combustível pelos orifícios dos bicos por si só os mantem limpos”. Ubirajara Placido de Oliveira- Pariquera-açu - SP

O primeiro carro de Ubirajara foi um Fusca, motor 1.500 cc., e quase toda a manutenção mecânica, com o auxílio de artigos e ferramentas específicas para o tipo de motor, procurava realizar
pessoalmente, desde a regulagem das válvulas, colocação do motor no ponto de ignição, regulagem do platinado, limpeza e regulagem da folga dos eletrodos das velas, etc. O tempo foi se passando, o conhecimento de mecânica aumentou, e sempre a manutenção de motores veiculares despertou interesse. Aos 18 anos, ingressou no serviço militar na FAB – Força Aérea Brasileira, prestando serviços no 1º/11º GAV (Grupo de Aviadores), no Guarujá/SP, ocasião em que foi trabalhar na sessão de motores, especializando-se na manutenção de motores a reação, utilizados em helicópteros, alimentados a querosene de aviação, diferentemente dos motores automotivos, que são motores a combustão de 2 ou 4 tempos, alimentados tanto por álcool, gasolina, diesel, gás, ou outro derivado do petróleo. Foram quase cinco anos de trabalhos nessa área, de 1987 a 1992. 

Nessa época, iniciou um curso superior de Engenharia Industrial Mecânica, pela UNISANTA, concluindo 7 semestres. Trancou a matrícula, pois havia sido aprovado em concurso público, em área totalmente oposta à mecânica, no cargo de Oficial de Promotoria, o qual até hoje exerce, já que é formado em Direito.  “Provavelmente não retorne para a área da mecânica, mas ainda continua sendo uma paixão, e como forma de sempre estar atualizado no ramo automotivo, tanto quanto aos novos sistemas de injeção, como aos novos equipamentos que auxiliam o profissional reparador, a leitura do Jornal Oficina Brasil para mim é uma ferramenta valiosa nessa empreitada do conhecimento”, conta emocionado Ubirajara.

Para ele, a polêmica em torno da questão limpeza de bicos, está nos cuidados quanto à correta manutenção preventiva que o cliente deve ter com o veículo.  “Na maioria das vezes a limpeza do sistema de injeção se procede tendo em vista que o cliente, na correria do dia a dia, não mantém controle efetivo da manutenção veicular, não faz a leitura do manual do veículo, não respeita o intervalo correto para a troca de óleo, velas, filtros, etc. Não observa certos cuidados quanto ao combustível, nem mantém fidelização dos serviços do veículo em uma só oficina, sendo assim, nenhum reparador, mesmo com os aparelhos de diagnósticos mais sofisticados, possui a capacidade de enxergar o interior do sistema, optando na dúvida, pela execução dos serviços de limpeza dos bicos injetores”, enfatiza Ubirajara, que também acredita que a utilização de combustível de procedência e de qualidade comprovada, a substituição do filtro combustível no devido tempo, e regularmente o uso de aditivo no combustível, por si só, mantém os bicos limpos.

**Fonte: http://www.oficinabrasil.com.br

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