quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Reparação de veículos Chrysler - Parte 1



Para diversas oficinas, a presença de um modelo como Stratus, Cherokee ou Dakota é bem rara, o que gera muitas dúvidas no momento da reparação.

Para auxiliar nesta tarefa, o Jornal Oficina Brasil, em parceria com a oficina Dr. Chrysler, criou uma série de matérias especiais sobre a manutenção de modelos Chrysler, Dodge e Jeep, com dicas e cuidados no diagnóstico e na execução de serviços. Acompanhe.
BREVE HISTÓRICO
Os modelos modernos da Chrysler, que engloba ainda as marcas Jeep e Dodge, começaram a chegar ao país no início da década de 1990, com a abertura econômica e a liberalização das importações. A partir de então, modelos como  Dakota, Cherokee, Gran Caravan e Wrangler passaram a ser vistos nas ruas do país.

Em 1998, a montadora resolveu retornar a fabricar modelos no Brasil, inaugurando uma fábrica da Dodge em Campo Largo, no Paraná, que visava atender o mercado nacional e da América do sul com a versão da Dakota equipada com o motor diesel. Entretanto, as vendas ficaram bem abaixo do esperado, obrigando o encerramento das atividades da fábrica em 2001.

Ainda em 1998, o grupo Chrysler foi adquirido pela Daimler-Benz, que também controla a Mercedes-Benz, dando origem à marca DaimlerChrysler.

Esta parceria durou até o início de 2007, quando o grupo passou a ser controlado por uma empresa de fundos de investimentos chamada Cerberus e, em janeiro de 2009, a Fiat anunciou a compra de 35% das ações do grupo Chrysler LCC nos Estados Unidos, o que na prática significou ter o controle administrativo das marcas Jeep, Dodge, Chrysler e da Mopar, divisão de equipamentos de alta performance.
A DAIMLERCHRYSLER
A união entre Chrysler e Mercedes-Benz rendeu uma grande troca de informações entre as empresas, fazendo com que certos modelos compartilhassem componentes. Os dois principais exemplos são o Chrysler Crossfire, um cupê baseado na Mercedes-Benz SLK320 e que foi fabricado entre 2003 e 2007, e o 300C, que compartilha sua plataforma com a Mercedes-Benz Classe E.

Também durante este período, boa parte da literatura técnica foi unificada, assim como os equipamentos de diagnóstico e algumas ferramentas especiais. Como as concessionárias da Mercedes-Benz viram o volume de trabalho aumentar bastante em um curto período de tempo, elas tiveram de buscar profissionais no mercado de reparação independente para suprir esta demanda por mão de obra.

Desta forma, muitos reparadores puderam ter contato com modelos de alta tecnologia, que exigiam procedimentos de manutenção diferenciados. Um desses profissionais foi Sandro dos Santos.

OFICINA ESPECIALIZADA
Há mais de 10 anos, Sandro atua com manutenção de linha importada, trabalhando entre 1997 e 2001 em diversas concessionárias Mercedes-Benz em São Paulo. Entre 2001 e 2002, ele trabalhou em uma concessionária da Chrysler, chegando a ser gerente em uma delas, até que decidiu abrir sua própria oficina em 2003.

Sandro foi sócio desta oficina até o final do ano de 2010, quando se viu obrigado a encerrar a sociedade por conta dos constantes desentendimentos com seu sócio. Ela passou por outra oficina até que, no início de 2011, decidiu voltar a atuar somente com carros Chrysler e formou uma nova parceria com um amigo de longa data, dando origem Dr. Chrysler.

Para Sandro, uma oficina especializada monomarca tem diversas vantagens, já que o reparador consegue focar todo o seu conhecimento em um determinado tipo de produto, tornando os serviços de reparo e manutenção mais simples. “No tempo que estive trabalhando em concessionária, notei que o preço cobrado pelas peças e pela mão de obra era muito alto, e nem sempre o cliente saía satisfeito com o serviço. Percebi que havia um nicho que eu poderia explorar, prestando um serviço com a mesma qualidade da concessionária, ou até melhor, mas custando uma fração do preço”, argumenta ele.

Àqueles que desejam abrir uma oficina especializada, Sandro orienta que três itens são fundamentais, independente da marca escolhida: conhecimento sobre os modelos, mão de obra capacitada e investimento em recursos de diagnóstico, como scanners e manuais. O aprendizado deve ser constante e o reparador deve estar atento aos novos lançamentos do mercado para que ele esteja preparado para atender este cliente quando ele chegar a oficina.
A principal aliada de Sandro nessa busca de informações é a internet, pois foi por meio da rede que ele pode adquirir equipamentos e ferramentas especiais que as concessionárias norte-americanas usam, além de obter acesso a uma vasta quantidade de material técnico que vão desde catálogos de peças até manuais com procedimentos de diagnóstico. Isto permite que ele possa atender qualquer veículo fabricado entre 1983 até 2011, mesmo que não tenha sido vendido oficialmente no Brasil.
OFICINA ON-LINE
Outro trunfo da internet é que ela permitiu a criação da “Oficina On-Line”, um espaço para troca de informações sobre a marca com proprietários de veículos e reparadores de diversos lugares do Brasil. Enquanto navegava em um fórum voltado para veículos off-road, Sandro notou uma grande quantidade de dúvidas a respeito de carros da marca e que ninguém conseguia passar orientações de forma adequada: “Decidi criar um tópico informando que sou um especialista na marca, e como tenho acesso a praticamente todos os manuais técnicos, posso auxiliar a resolução desde problemas simples até os mais complexos. Já perdi a conta de quantos casos ajudei a resolver sem nem ver a cor do carro, somente conversando por e-mail, mensagens instantâneas ou pelos fóruns. Desde casos simples, como inversão de fios em um sensor ou troca de fusível até reparos na transmissão automática”.

Ele ainda esclarece que, “no início, alguns acharam que eu estava lá apenas para tentar obter algum lucro, mas sempre fiz questão de deixar claro que essa não era minha intenção. Com o tempo, ganhei a confiança dos outros freqüentadores do fórum, e hoje já criei espaço semelhante no Orkut e em outros fóruns da área automotiva. Diariamente, recebo ao menos um ou dois clientes que me encontrado nos fóruns ou no Orkut, e isso é muito gratificante”.
PEÇAS, SÓ ORIGINAIS
Na oficina Dr.Chrysler, as peças são compradas por duas maneiras: nas concessionárias ou via importação direta dos EUA por um de seus escritórios. Dessa maneira, as peças de alto giro e mais simples são compradas em autorizadas em São Paulo, mas quando o preço é muito elevado ou o prazo de entrega é muito longo, é feita a encomenda diretamente nos EUA. Na maioria das vezes, mesmo pagando todas as taxas e impostos necessários, é possível ainda obter um preço inferior ao cobrado pelas autorizadas, mesmo utilizando somente produtos originais ou homologados pela montadora.

Alguns clientes da oficina, porém, não possuem condições de arcar com os custos de manutenção de um carro mais antigo, pois apesar de serem baratos, continuam sendo modelos de luxo e que exigem componentes importados. Por conta disso, muitos proprietários acabam optando por comprar peças recondicionadas, usadas ou de baixa qualidade. Nesta situação, Sandro admite que executa o serviço, mas, tanto na ordem de serviço (OS) quanto na nota fiscal, ele anexa uma declaração assinada pelo dono do carro, em que se exime de toda e qualquer responsabilidade de problemas decorrentes das peças trazidas pelo cliente.
DICAS DE MANUTENÇÃO
Nesta primeira parte da série, Sandro dá algumas dicas de manutenção sobre o Chrysler 300C que, por estar completando cinco anos de mercado, começa a freqüentar as oficinas para reparos mais extensos.

Na parte de suspensão, este modelo frequentemente apresenta ruídos na parte dianteira após 60 mil km. Esse barulho é causado pela quebra de uma das buchas do braço de articulação inferior da suspensão, que gera uma grande folga no conjunto dianteiro. Para resolver o problema, é necessário trocar o braço inteiro.

As versões equipadas com motor oito cilindros possuem um sistema que visa reduzir o consumo de combustível e a emissão de poluentes, chamado MDS (sistema de deslocamento variável em inglês), que em velocidade constante, corta a alimentação de quatro cilindros e fecha as respectivas válvulas de admissão e escape. Os cilindros são “desligados” de forma alternada, mantendo a temperatura na câmara de combustão dentro do ideal. Este controle é feito por válvulas hidráulicas localizadas na parte de cima do motor que, quando acionadas, despressurizam o óleo no interior dos tuchos.

Para que o sistema funcione corretamente, é necessário que o óleo do motor siga a especificação recomendada pela montadora, isto é, 5W30 ou 5W40. Caso contrário, o óleo de viscosidade diferente pode alterar o funcionamento da solenóide, destativando o desligamento dos cilindros.

Nas rodas, por baixo do pino de enchimento dos pneus, existe uma válvula que emite um sinal de rádio freqüência para a que a central possa monitor a pressão dos pneus. Existe um sensor em cada uma das rodas dianteiras e um na roda traseira direita, além de um módulo específico. Em velocidades acima de 26km/h, os sensores enviam a pressão dos pneus e, caso seja identificado um valor abaixo do especificado, uma mensagem de alerta é exibida no painel. Existe ainda um fator de correção, dentro do módulo, capaz de corrigir a pressão em função da temperatura ambiente.

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